São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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DESENHO ANIMADO

Segredos soviéticos

Divulgação
Cena de "Caleidoscópio 70"


ALEXANDRA MORAES

DA REPORTAGEM LOCAL

Além das histórias que contam, os filmes exibidos na Mostra de Filmes de Animação Soviéticos das Décadas de 60 e 70, que começa amanhã, em São Paulo, têm sua própria história incrível para contar.
As animações, que vão ser mostradas no Sesc Ipiranga, vieram para o Brasil com a produtora Eliana Cobbett, no começo dos anos 70. A curadoria da mostra foi feita por Cobbett e por Hernani Heffner, conservador-chefe da cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio.
Num festival de cinema em Moscou, ao qual foi com seu marido, o cineasta William Cobbett (1930-1991), além do diretor Bruno Barreto, ela conheceu os filmes e adquiriu os direitos de exibição no Brasil de 90 desenhos animados russos e 30 documentários científicos. "Fizemos várias exibições através da minha empresa, Desenfilmes, e várias exibições em parceria com os cineclubes", conta Eliana, que enviou todos os desenhos para dublagem em português assim que chegaram ao país.
"Comercialmente ou em grandes circuitos, nunca foram exibidos. Houve, sim, exibições de um ou outro filme, antecedendo um longa-metragem. Mesmo assim nos cinemas de arte", diz.
Na mostra, há 15 filmes do acervo de Cobbett, que hoje são cuidados pela cinemateca do MAM.
Os curtas foram recuperados por Cobbett nos fundos de sua casa, no Rio, "com mais de dois centímetros de ferrugem nas latas". A surpresa, após abri-las, foi encontrar os filmes em bom estado. "Liguei para Hernani Heffner e ele disse: 'Vou providenciar um transporte para trazer urgentemente para o MAM'. Assim, foram salvos esses filmes da mostra", conta Eliana Cobbett.

Críticas
Os filmes soviéticos dos anos 60 e 70 serviam de suporte não apenas para experimentações em várias técnicas de animação (na própria mostra há filmes feitos em aquarela, carvão e stop-motion, por exemplo) mas também para críticas a hábitos sociais recentes, como a televisão, e a outros já bastante conhecidos da humanidade, como o excesso de vaidade.
Duas séries "Caleidoscópio", que agrupavam três das melhores animações produzidas na URSS em um ano, fazem parte da mostra _com filminhos de 1968 e 1970. Na seleção de 68, há um curta particularmente curioso sobre um hipopótamo cantor que acha um jeito prático de melhorar a voz _comendo o professor de piano.
Apesar de até hoje serem bastante associadas ao universo infantil, as animações escapam um pouco desse tipo de limitação, com situações ligadas ao mundo adulto.
Em outro episódio, um homem pensa estar sendo traído pela mulher em sua casa, mata os amantes e descobre, tardiamente, que aquelas não eram nem sua mulher nem sua casa e que vivia no meio de uma multidão de caras e vidas idênticas às dele.
Por outro lado, "Corre Riacho" (1971), também na seleção, tem traços e uma enorme quantidade de bichinhos fofos que lembram bastante produções clássicas da Disney, enquanto "A Menina e o Elefante" (1969) segue a tradição européia de animação para contar a história de uma garota que se encanta pelo elefante de um circo e faz dele seu melhor amigo.


MOSTRA DE FILMES DE ANIMAÇÃO SOVIÉTICOS DAS DÉCADAS DE 60 E 70.
Quando:
a partir de amanhã, de ter. a dom., às 15h30 e às 20h; até 19/3.
Onde: teatro do Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel. 0/xx/11/3340-2000).
Quanto: grátis.


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