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GRAFITE
O inglês Tristan Manco, autor de "Street Logos", recém-lançado nos EUA, quer radiografar o melhor do grafite brasileiro
Arte na rua
GUILHERME COUBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE NOVA YORK
O grafite pode estar vivendo uma nova fase. Para o designer inglês Tristan Manco, autor de "Street Logos"
(Thames & Hudson, 2004), recém-lançado
nos EUA, o gênero está migrando de seu
clássico estilo tipográfico para algo baseado
em imagens. Símbolos e figuras estão tomando o lugar de letras e textos nos muros.
"Uma imagem fala mais alto e pode ser facilmente reconhecida pelas pessoas", disse
Manco, em entrevista ao Folhateen.
"Street Logos" é um guia dos trabalhos
mais inovadores que estão sendo feitos nas
ruas de todo o mundo, com 485 ilustrações.
O livro tenta documentar os resultados
dessa mudança fundamental na curta história do grafite. Mostra como podem ser
complexas as técnicas e materiais usados
nos últimos anos. "Apesar de o uso de símbolos no grafite não ser uma novidade,
existe hoje uma quantidade enorme de artistas explorando essa idéia", diz Manco.
Tristan Manco acaba de passar por São
Paulo, Curitiba, Rio e Porto Alegre. Seu
próximo livro, ainda sem previsão de lançamento, deve radiografar o que há de melhor no grafite brasileiro. "São Paulo merece o rótulo de capital do grafite pela quantidade incrível de artistas e pelos projetos da
prefeitura, que legaliza muros na cidade."
História
Na década de 70, estudantes do De Witt
Clinton High, no Bronx, resolveram se divertir pintando vagões quebrados do metrô estacionados. Como não queriam ser
identificados pela polícia, mas também não
queriam que sua ousadia caísse no anonimato, adotaram apelidos ou assinaturas
("tags"), desenhadas com letras cheias de
sombra e volume. O grafite ganhou popularidade quando os vagões em funcionamento se tornaram o alvo e o metrô passou
a carregar "tags" de norte a sul da cidade.
Em 1979, um jovem de 20 anos veio estudar artes visuais em Nova York. O grafite,
na esteira cultural do hip hop, atravessava
uma fase prolífica e polêmica. Os "tags" tomavam conta de muros e metrôs em uma
velocidade epidêmica. Para alguns, era vandalismo e poluição visual. Para outros, um
movimento inevitável de uma cidade que
constantemente cresce e muda.
Para o estudante, aquilo era maravilhoso.
E decidiu ele mesmo arriscar seus trabalhos
como grafiteiro. Em vez de "tags", criou
personagens simples desenhados com giz
branco nas paredes pretas das estações de
metrô. As figuras ficaram famosas e seu autor, Keith Haring (1958-1990), entrou para
a história como ícone pop.
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