São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006

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02 Neurônio

Jô Hallack, Nina Lemos, JRaq Afonso - 02neuronio@uol.com.br

Amamos o gigante

QUANDO a 02 Neurônio era mais criança, passava por situações antagônicas: de um lado, uma de nós era a mais baixa da turma. De outro, uma sempre ficava no fim da fila, por ser a mais alta. E ambas reclamavam da própria altura. Então, vimos a foto de Xi Shun, um chinês que veio divulgar o Guinness, o livro dos recordes, no Brasil.
Ele simplesmente tem 2,36 m. Ele esteve no Corcovado e fez mais sucesso do que o Cristo Redentor. Em São Paulo, parecia um boneco mamulengo em Carnaval fora de hora na avenida Paulista.
Mas nos apegamos a ele por causa de uma conseqüência de sua altura descomunal: o chinês nunca teve uma namorada!
Aos 55 anos, nem uma pretê sequer. Provavelmente nunca beijou na boca. É um BV. Por isso, enquanto é cercado por populares, Xi Shun sorri. Mas sempre meio triste.
Talvez o mesmo sentimento que a gente tinha quando era criança e era baixinha ou altona. De que nenhum menino iria querer ficar com a mais baixa ou a mais alta da turma. O tempo passou. Não somos nem a mais baixa nem a mais alta. Nem a mais feia nem a mais bonita. Nem a mais inteligente nem a mais burra. Nem a mais legal nem a mais chata. E, sim, arranjamos namorados.
Tudo bem, sabemos que um namorado não é tudo. E que o chinês deve ter vários motivos de alegria. Nós, por exemplo, não viajamos o mundo com tudo pago pelo Guinness e nem fazemos comerciais. Mas isso nos levou a um pensamento metafísico que tem muito a ver com os dias de hoje. O que será que vale mais? Amor ou fama, viagens, grana e as propagandas que isso traz junto? Será que vale mais a pena ser famoso e rico? Será que tem gente que trocaria a "normalidade" pela vida solitária de um gigante? E vocês? Em todo caso, temos informações de que o gigante recebeu uma carta. Sim, de uma moça altona chinesa se oferendando. Seria por causa da fama?
Esperamos, do fundo do coração, que não. Que seja por identificação e dor, tortice na vida e essas outras coisas que fazem a gente se apaixonar (ou inventar um amor, o que dá no mesmo). Somos almas puras. Entre fama e amor? Preferimos o amor. Mas isso é claro.


Momento histeria
Para todo gigante, uma giganta


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