Será que ele é?

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Esponja!
Não vai demorar muito para a galera da cultura pop americana começar a estampar camisetas com o slogan que pede a "libertação" do personagem de desenho americano da acusação de incitar a homossexualidade em crianças e adolescentes adoradores da série. Tal qual foi com a "Free Winona Ryder", "Free Mike Tyson" e, agora, "Free Michael Jackson" (esta última, na verdade, é uma bandeira mais de fãs do astro).
É cada vez mais crescente a campanha que começou com dois grupos conservadores cristãos e agora já tem virado pauta constante de discussão em TVs, tipo nas comandadas pelo veterano âncora Bill O'Reilly, da Fox News.
Tudo por causa de um vídeo "polêmico" sobre tolerância pela diversidade que estava programado para ser entregue, na última sexta-feira, por FedEx, em 61 mil escolas do ensino fundamental dos Estados Unidos. O mesmo vídeo seria exibido, no mesmo dia, na Nickelodeon. Para os conservadores grupos Focus on the Family e o American Family Association, por tolerância leia-se manifesto pró-gay.
Baseado na música "We Are Family", sucesso dos anos 70, Bob Esponja Calça Quadrada e vários outros personagens encabeçam uma campanha animada para um DVD educativo endereçado a professores, com conselhos sobre como proceder no caso de uma criança perguntar algo sobre lares "atípicos" -quando elas têm pais adotivos, são criadas pelas avós, por padrastos ou por "pais do mesmo sexo". O vídeo é comemorativo do proposto Dia Nacional Nós Somos uma Família.
Até o conservador presidente americano George W. Bush tomou partido em favor do Esponja. "Não vi nada demais. Mas é por isso que existe um botão de desligar na TV. Quem quiser que desligue."
Desde o caso Tinky-Winky, bonequinho da telessérie "Teletubbies" que andava com uma bolsa de mão, um personagem infantil não encarava tanta polêmica.
E, ao que parece, a nova tal polêmica só está começando...
O desenho-fenômeno Bob Esponja, a esponja de cozinha amarela que gosta de usar cuecas apertadas, trabalha como ajudante no restaurante Siri Cascudo e vive em um abacaxi, passa no Brasil na Globo e no canal pago Nickelodeon. De tão famoso, já foi até música do funkeiro Buchecha.


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