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EDUCAÇÃO
300 de Catanduva
No interior de SP, três alunas de colégios estaduais têm surto de leitura
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
"No ano passado, li
pouco", diz Damaris de Melo, 12. Foram 60 livros. Decepcionada,
resolveu se esforçar mais. Entre março e novembro de 2009,
fez o número deste ano ser 300.
E quer aumentar ainda mais.
A garota é uma das vencedoras do Projeto Centopeia, que
incentivou alunos da rede estadual das proximidades de Catanduva (a 385 km de São Paulo) a ler muito, e rápido.
Em um país em que a média
anual de leitura beira 1,3 livro
por pessoa, os 300 volumes de
Damaris impressionam. Não só
os dela, aliás: outras duas alunas alcançaram a mesma meta.
As leituras eram atestadas
por uma professora, que assinava os resumos apresentados
pelos alunos. Damaris recebeu,
por seu bom desempenho, um
kit com caneta, borracha, apontador e agenda escolar.
Para conseguir chegar aos
300, Pámela Raimundo, 13,
conta que leu durante o recreio
e à noite, em casa. "Prefiro livro
à televisão", explica.
Para Domício Proença Filho,
da Academia Brasileira de Letras, "a tarefa não é hercúlea,
porque são histórias com pouca
exigência de reflexão". E os livros infantojuvenis costumam
ser curtos e ter imagens, diz.
Mesmo assim, o número impressiona a professora Mercedes Canha Crescitelli, do Departamento de Português da
PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
"Esse tipo de competição não
trabalha a questão da qualidade", diz. "Eu não leio 300 livros
em um ano!", completa.
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