São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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EDUCAÇÃO

300 de Catanduva

No interior de SP, três alunas de colégios estaduais têm surto de leitura

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

"No ano passado, li pouco", diz Damaris de Melo, 12. Foram 60 livros. Decepcionada, resolveu se esforçar mais. Entre março e novembro de 2009, fez o número deste ano ser 300. E quer aumentar ainda mais.
A garota é uma das vencedoras do Projeto Centopeia, que incentivou alunos da rede estadual das proximidades de Catanduva (a 385 km de São Paulo) a ler muito, e rápido.
Em um país em que a média anual de leitura beira 1,3 livro por pessoa, os 300 volumes de Damaris impressionam. Não só os dela, aliás: outras duas alunas alcançaram a mesma meta.
As leituras eram atestadas por uma professora, que assinava os resumos apresentados pelos alunos. Damaris recebeu, por seu bom desempenho, um kit com caneta, borracha, apontador e agenda escolar.
Para conseguir chegar aos 300, Pámela Raimundo, 13, conta que leu durante o recreio e à noite, em casa. "Prefiro livro à televisão", explica.
Para Domício Proença Filho, da Academia Brasileira de Letras, "a tarefa não é hercúlea, porque são histórias com pouca exigência de reflexão". E os livros infantojuvenis costumam ser curtos e ter imagens, diz.
Mesmo assim, o número impressiona a professora Mercedes Canha Crescitelli, do Departamento de Português da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
"Esse tipo de competição não trabalha a questão da qualidade", diz. "Eu não leio 300 livros em um ano!", completa.


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