São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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SEXO & SAÚDE

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

O último trago

Na última semana no consultório, uma jovem paciente que atendo há cerca de dois anos veio pedir ajuda para parar de fumar. Ela está casada e quer engravidar em 2010! O pedido chegou em meio a uma semana de boas novidades em relação ao cigarro.
Uma pesquisa divulgada na última semana mostra que houve uma queda de 80% na poluição em bares e em boates quatro meses depois do início da vigência da Lei Antifumo em São Paulo. O estudo, feito por pesquisadores do Instituto do Coração, mostrou redução importante dos níveis de monóxido de carbono (resultante da queima do cigarro) nos ambientes fechados.
Quem tem a ganhar com isso? Todo o mundo! Até entre os 400 garçons pesquisados (metade fumante) houve redução média de 35% dos níveis de monóxido de carbono expelidos na respiração.
Outro estudo da semana passada, feito pelo Instituto Nacional do Câncer, mostra que o número de fumantes no Brasil, na população maior de 15 anos (segundo dados do IBGE), caiu de 32,4% em 1989 para 17,2% em 2008. É uma queda de 46,9% em duas décadas. É como se 21 milhões de pessoas deixassem de fumar no país!
A queda verificada no Brasil foi maior do que a alcançada em países como EUA, Reino Unido e Japão. Ainda segundo a pesquisa, em 2008, 21,6% dos homens fumavam e 13,1% das mulheres tinham o mesmo hábito.
A redução no uso do cigarro foi um pouco mais acentuada entre as mulheres do que entre os homens. Em quem tem maior escolaridade, essa queda também foi bem mais significativa do que entre os de menor escolaridade. E, entre os mais jovens, a diminuição do número de fumantes foi maior do que entre os mais velhos.
Restrição ao fumo em ambientes fechados, proibição de publicidade de cigarro, adoção das imagens de alerta nos maços, campanhas do governo sobre os riscos do cigarro e as leis que proíbem o fumo em locais fechados são, provavelmente, responsáveis por essa queda.
Na última vez em que escrevi sobre cigarro aqui, enviaram e-mails me acusando de ser radical, fascista, de ter uma visão parcial sobre o tema, entre outras críticas publicáveis. Só quero reforçar, para quem ainda não entendeu, o papel desta coluna há 16 anos: informar, discutir e mostrar caminhos para uma vida mais saudável.


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