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MÚSICA
Pandeiro hype
Pagode sai de rodas restritas, conquista fãs que não usam corrente dourada e vira tema de festas "trash" e "revival"
BRAULIO LORENTZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O boné é de aba reta. A bermuda quase beija o chão.
O visual de fãs de grupos
de pagode muitas vezes não bate com o estereótipo imaginado.
A manjada corrente dourada,
que integrantes de bandas como Sorriso Maroto usam, aparece no pescoço de um monte
de seus fãs, mas não no de Fernando Trovões, 14.
Para ir ao show de aniversário do Exaltasamba, no mês
passado, ele convocou amigos e
encheu um dos camarotes do
Credicard Hall, em São Paulo.
"Ouço mais pagode quando
estou triste, por causa das letras. Elas empolgam e me deixam melhor", explica o garoto.
Numa semana, Fernando pode ser visto ensaiando passinhos no show do Inimigos da
HP; na seguinte, é encontrado
balançando a franja ao som do
pop rock do Restart.
"Os públicos são bem diferentes. Pagode é mais legal do
que rock, tem menos drogas e
brigas", compara.
Larissa Lima, 13, opta por
misturar estilos quando está
ouvindo música no computador: vai dos sertanejos românticos Zezé di Camargo & Luciano ao pop mexicano do RBD,
com parada obrigatória -e demorada- no pagode.
Pagodear é um verbo que, garante ela, nunca saiu de moda.
"Quando fazemos churrasco,
quase sempre toca pagode. As
músicas são viciantes, você escuta uma vez e já sabe cantar
tudo", conta Larissa, que vai
aos shows e às baladas acompanhada pela irmã mais velha,
Amanda, 16.
Roqueiros ou pagodeiros?
Para cair no samba, não importa se você acha o vocalista
do Cine (DH) mais gato do que
o do Exaltasamba (Thiaguinho), como é o caso de Paula
Soares, 16. Até porque ela entrega que tem amiga que pensa
o contrário.
Por mais que Paula só pendure pôsteres do McFly, do Cine e
do Quarter em seu quarto, tem
facilidade para decorar os refrões embalados entre uma paletada e outra no cavaquinho.
"Eu sei que são bandas bem
diferentes, mas não me importo com isso", esquiva-se.
Entre Jonas Brothers e Exaltasamba, responde na lata que
prefere os donos de hits como
"Me Apaixonei pela Pessoa Errada" e "Abandonado", do verso "despreparado, meu coração
dá pulo perto de você".
É por essas e outras (letras de
música) que Fernando não teve
dificuldades para escolher a
melhor trilha para os momentos de fossa.
Da mesma maneira, Emerson Lopes, 17, destaca as letras
como principal motivo para
cair no pagode.
A preferida é "Livre pra
Voar", do Exaltasamba, sobre
um homem com cara de santinho que pretende dar amor para sua pretendente. Mas não fidelidade, como assegura o refrão: "Eu prometo te dar carinho, mas gosto de ser sozinho".
Na hora de indicar qual é a
melhor pedida para encontrar
garotas bonitas, o pandeiro
vence a guitarra.
Para Emerson, as pagodeiras
"se vestem muito melhor".
"Elas são mais normais, não
tem aquele estilo novo do rock,
com tudo colorido. Prefiro as
meninas do pagode, são mais
brasileiras", define o rapaz, que
usa "alargadores" de orelha.
Pagode "pride"
Emerson foge o quanto pode
das meninas que adotam o
"look" flúor nas roupas e as mechas coloridas no cabelo, mas
não do rótulo de pagodeiro, que
nada incomoda frequentadores
de baladas e de shows do gênero, sempre bem cotado nas paradas de sucesso.
"Comecei a gostar primeiro
de Exalta[samba], que é mais
tradição. Lembro da minha
mãe ouvindo", recorda Emerson. Como atesta uma das letras entoadas por outra banda
do gênero, o Katinguelê: "A rapaziada sabe que o cavaco não
pode faltar".
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