|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
música
Camelo voa solo
Ao mesmo tempo, Los Hermanos
lançam seu último registro ao vivo
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há uma grande vantagem no recém-lançado CD "Los
Hermanos na
Fundição Progresso", que registra o show de despedida da cultuada banda carioca, em 9 de junho do ano
passado: ele permite ouvir o
grupo tocando.
Porque quem esteve lá -ou
em basicamente qualquer
show dos Hermanos- sabe que
ouvir a banda ao vivo é tarefa
complicada: o que mais se escuta é a voz do público, que canta
(berra, digamos) com um fervor ímpar, o que criou certa mitologia em torno do quarteto.
Com o CD, sai também um
DVD que registra o mesmo
show -só que, nele, o problema
do ao vivo se inverte: só se escuta a banda, nada do público. O
que no disco de áudio ficou bem
equilibrado, no de imagens virou um fiasco. E esse é só um
dos problemas dele.
O outro, e mais grave, é o total desleixo com que o registro
foi feito -chega a ser irônico
que o diretor se chame Nilson
Primitivo. É certo que as condições técnicas não eram as melhores; também é certo que isso
não é problema dos fãs: se a
banda queria lançar mais um
DVD ao vivo (depois do "Luau
MTV" e do "Ao Vivo no Cine
Íris"), que o fizesse direito.
O primeiro solo
Olhando retrospectivamente, o que chama atenção no
show de despedida (a banda entrou em recesso por tempo indeterminado) é o imenso esforço de Marcelo Camelo para
cantar alto em canções roqueiras como "Cara Estranho".
Ele se referiu a esse tipo de situação em entrevista à Folha,
dizendo: "Era muito pesado
gritar, ter que me munir de um
espírito, ter que me transformar a cada noite".
Isso ajuda a explicar não apenas a parada da banda mas
também o que se escuta em
"Sou", o disco solo de Camelo,
que acabou de sair -o cantor
começa nesta semana uma turnê que chega a São Paulo no dia
23 de outubro, no Tim Festival.
"Sou" (a capa é um poema visual de Rodrigo Linares, que
também se lê como "nós") vai
parecer bastante lógico para
quem vinha acompanhando a
evolução dos Hermanos.
Ele soa como um passo
adiante em relação ao "4": tem
mais faixas esquisitas, é mais
calmo, mais vago nas letras -e,
para quem já não gostava do
rumo que a ex-banda vinha tomando, mais chato.
Exemplo da onda atual de
Camelo: há duas faixas que se
repetem ("Passeando" e "Saudade"), no mesmo esquema:
cada uma tem uma versão com
Camelo no violão e um fiapo de
letra, e outra instrumental,
com Clara Averner ao piano.
O álbum, no entanto, não é
suicídio comercial: há canções
pop, como "Mais Tarde", "Menina Bordada" e "Vida Doce",
além da já conhecida "Santa
Chuva", que Maria Rita gravou.
Camelo chamou o Hurtmold
para servir de banda de apoio
em quatro faixas e, nas demais,
convidou gente como Mallu
Magalhães ("Janta") e Dominguinhos ("Liberdade").
Para os fãs de MPB e de Hermanos, é um disco a ser ouvido.
Para baixar de graça dez das 14
faixas, vá em www.sonora.com.br/marcelocamelo.
Texto Anterior: DVD: Terror ocidentalizado Próximo Texto: Cultura: Festivais para cineastas e músicos Índice
|