São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007

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02 Neurônio

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A ex-maior solidão do mundo

ESCREVEMOS ESTA COLUNA em momento de comoção. Quase temos que pegar lenços para enxugar as nossas lágrimas. Isso porque acabamos de ver as fotos do casamento do homem mais alto do mundo, o chinês Bao Xishun. Por um desses fenômenos que só as nossas analistas podem explicar, sofremos de um apego louco por Bao e acompanhamos com interesse louco suas aventuras pelo mundo. Até trocamos mensagens de SMS com notícias sobre sua vida!
Tudo começou quando ele veio visitar o Brasil e declarou sua solidão. Ver um homem reclamando de carência sempre é comovente, ainda mais um homem com aquele tamanho: 2,36 metros. Existe solidão maior do que a de um homem dessa altura? A dele era mesmo gigante, tanto que, diz a lenda, quando esteve no Brasil, Bao encontrou um anão. Perguntou: "Você é casado?". E recebeu como cruel resposta: "Sou".
Violinos, lágrimas, mais lágrimas. Custava o menor homem do mundo, num ato de solidariedade, mentir?! Isso sem falar no próprio gigantismo do gigante. Isso, pura e simplesmente, já provoca uma certa solidão. A gente sabe que, pelo mundo, existem milhares de pessoas que tem exatamente o nosso tamanho. E, no caso de Bao Xishun, ninguém, ninguém, ninguém.
O homem mais alto do mundo vagava pelo mundo em busca de um amor. E encontrou. Ele divulgou na última quinta-feira fotos de seu casamento com uma jovem de 28 anos que mede 1,68 metros. Ele aparece risonho e feliz nos retratos, e isso nos enche de felicidade.
Se a maior solidão do mundo foi preenchida, isso significa que qualquer outra também pode ser. Pensem. Era uma solidão realmente grande, além de ser gigante no tamanho, ele nunca havia sido beijado. Imagina ter 56 anos e ser BV? Graças aos apelos que ele fez pelo mundo, uma moça se comoveu. E agora nosso amigo imaginário recebe vários beijos e até ouve "eu te amo".
Pode até ser meio armação, golpe do baú ou da fama. Talvez daqui a alguns anos ela lance um livro revelando a vida sexual do homem mais alto do mundo e ganhe milhões. Mas, mesmo que equivocadamente, ficamos felizes com o triunfo do amor. Só um pouco. Porque dentro de toda alma punk também mora uma Meg Ryan.

Momento de histeria

Tamanho não é documento. Mesmo!

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