São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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Dorian Gray digital

Com trilha pop, adaptação de "O Retrato de Dorian Gray" estréia no dia 22 em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Dorian Gray, o sinistro personagem de Oscar Wilde (1854-1900) que eterniza sua juventude numa pintura, chega aos palcos de São Paulo no dia 22 de abril, no teatro do Sesi.
Voltada para o público jovem, a montagem da diretora Débora Dubois leva para o teatro projeções de vídeo e trilha sonora que mescla o clássico com o pop.
Escrito no final do século 19 pelo irlandês Oscar Wilde, "O Retrato de Dorian Gray" conta a história do jovem obcecado pela beleza e juventude que tem seu retrato pintado por um artista.
O quadro passa a registrar as marcas de envelhecimento de Dorian (interpretado na peça por Marcos Damigo), enquanto ele permanece ao longo dos anos com a mesma aparência juvenil.
"Apesar de ter sido escrito há tanto tempo, o texto tem uma temática muito atual. Hoje em dia a gente vive essa mesma questão, a eterna busca do "não envelhecimento'", afirma a diretora Débora Dubois.

Anabolizantes
Ela conta que a idéia para a adaptação surgiu há dois anos, quando leu notícias sobre a morte de jovens de Goiás que tomaram anabolizante de cavalo para aumentar a massa muscular.
"Comecei a pesquisar essa história de anabolizantes, os sites em que os adolescentes trocam receitas de bulimia. Pesquisando coisas de beleza, acabei me deparando com o texto de Oscar Wilde."
Na peça, o quadro com a imagem de Dorian Gray é representado por uma constante projeção de vídeo, cujas imagens vão mudando ao longo do espetáculo, retratando o envelhecimento do personagem.
Além das projeções, criadas pelo cineasta e VJ Thiago Taboada, a montagem também conta com trilha sonora moderna, que mistura o compositor clássico Rachmaninoff com artistas pop como Nirvana, Metallica, Björk e até música eletrônica, que é executada ao vivo durante as apresentações, por um DJ.
No livro, a ação se passa na casa de Dorian e do pintor Basil Haward. Mas, no palco, nada de realismo. O drama do jovem aristocrata se desenrola em dois cenários surrealistas: um estacionamento de carroças e uma floresta obscura.
"Eu quis fazer uma peça atemporal e tudo o que está no palco tem esse conceito: o figurino mistura várias épocas, o cenário também -eu tenho carroças antigas e uma floresta expressionista, que é super-moderna. A música tem de Rachmaninoff até Björk, passando por Tom Jobim, e a maquiagem tem como referência Fritz Lang", explica a diretora.

Teatro jovem
A diretora Débora Dubois trabalha há cerca de oito anos com público jovem e confessa que ainda se considera um pouco adolescente. Para ela, o teatro brasileiro oferece hoje poucas opções para esse público. "Os adolescentes são obrigados a assistir a peças infantis ou montagens com algum assunto escolar porque não há outras opções. Acho que o teatro está além disso, é entretenimento", diz.
(LETICIA DE CASTRO)


O RETRATO DE DORIAN GRAY. Direção e roteiro: Débora Dubois. Elenco: Marcos Damigo (Dorian Gray), Francisco Bretã (Basil), Sergio Rufino (Henry) e Lavinia Lorenzon (Sibyl). Quando: sábados e domingos, às 16h. Estréia dia 22. Onde: Teatro Popular do Sesi, av. Paulista, 1.313. Entrada gratuita, com retirada de senha.


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