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Dorian Gray digital
Com trilha pop, adaptação de "O Retrato de Dorian Gray" estréia no dia 22 em São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
Dorian Gray, o sinistro personagem
de Oscar Wilde (1854-1900) que
eterniza sua juventude numa pintura, chega aos palcos de São Paulo no dia 22
de abril, no teatro do Sesi.
Voltada para o público jovem, a montagem da diretora Débora Dubois leva para o
teatro projeções de vídeo e trilha sonora
que mescla o clássico com o pop.
Escrito no final do século 19 pelo irlandês
Oscar Wilde, "O Retrato de Dorian Gray"
conta a história do jovem obcecado pela
beleza e juventude que tem seu retrato pintado por um artista.
O quadro passa a registrar as marcas de
envelhecimento de Dorian (interpretado
na peça por Marcos Damigo), enquanto ele
permanece ao longo dos anos com a mesma aparência juvenil.
"Apesar de ter sido escrito há tanto tempo, o texto tem uma temática muito atual.
Hoje em dia a gente vive essa mesma questão, a eterna busca do "não envelhecimento'", afirma a diretora Débora Dubois.
Anabolizantes
Ela conta que a idéia para a adaptação
surgiu há dois anos, quando leu notícias sobre a morte de jovens de Goiás que tomaram anabolizante de cavalo para aumentar
a massa muscular.
"Comecei a pesquisar essa história de
anabolizantes, os sites em que os adolescentes trocam receitas de bulimia. Pesquisando coisas de beleza, acabei me deparando com o texto de Oscar Wilde."
Na peça, o quadro com a imagem de Dorian Gray é representado por uma constante projeção de vídeo, cujas imagens vão
mudando ao longo do espetáculo, retratando o envelhecimento do personagem.
Além das projeções, criadas pelo cineasta e VJ Thiago Taboada, a montagem
também conta com trilha sonora moderna, que mistura o compositor clássico
Rachmaninoff com artistas pop como
Nirvana, Metallica, Björk e até música eletrônica, que é executada ao vivo durante
as apresentações, por um DJ.
No livro, a ação se passa na casa de Dorian e do pintor Basil Haward. Mas, no
palco, nada de realismo. O drama do jovem aristocrata se desenrola em dois cenários surrealistas: um estacionamento
de carroças e uma floresta obscura.
"Eu quis fazer uma peça atemporal e tudo o que está no palco tem esse conceito:
o figurino mistura várias épocas, o cenário também -eu tenho carroças antigas e
uma floresta expressionista, que é super-moderna. A música tem de Rachmaninoff até Björk, passando por Tom Jobim,
e a maquiagem tem como referência Fritz
Lang", explica a diretora.
Teatro jovem
A diretora Débora Dubois trabalha há
cerca de oito anos com público jovem e
confessa que ainda se considera um pouco adolescente. Para ela, o teatro brasileiro oferece hoje poucas opções para esse
público. "Os adolescentes são obrigados a
assistir a peças infantis ou montagens
com algum assunto escolar porque não
há outras opções. Acho que o teatro está
além disso, é entretenimento", diz.
(LETICIA DE CASTRO)
O RETRATO DE DORIAN GRAY. Direção e roteiro:
Débora Dubois. Elenco: Marcos Damigo (Dorian
Gray), Francisco Bretã (Basil), Sergio Rufino
(Henry) e Lavinia Lorenzon (Sibyl). Quando:
sábados e domingos, às 16h. Estréia dia 22. Onde:
Teatro Popular do Sesi, av. Paulista, 1.313. Entrada
gratuita, com retirada de senha.
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