São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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"Diários Hackers" traça perfil de oito jovens que realizaram ações consideradas revolucionárias

Pichação virtual

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Eles são os revolucionários do futuro. Eles são a contravenção silenciosa. Eles são rebeldes sem causa e com mouse. Eles são... os hackers? Sim, de acordo com um livro recém-lançado nos Estados Unidos que está redefinindo o status dos guerrilheiros do computador e dando o que falar.
É "The Hacker Diaries - Confessions of Teenage Hackers" (Os Diários Hackers -Confissão de Hackers Adolescentes), do especialista em segurança on-line Dan Verton, que traça um perfil completo dos oito principais hackers em atividade, todos jovens, nem todos livres.
Hacker, como você sabe, é o pirata que invade um site ou sistema on-line, deixa sua marca ou alguma prova de que esteve lá e sai. Não confunda com o cracker, que é o hacker que invade para fazer estragos ou roubar informações, como números de cartões de crédito.
Apesar de ser tiozinho, Dan Verton sabe do que está falando. Repórter investigativo baseado em Washington, trabalha para a "Computerworld" e a "Federal Computer Week" e é um dos maiores especialistas em segurança on-line do mundo.
Foi oficial de inteligência dos Marines na crise da Bósnia-Herzegóvina e analista de imagens do serviço de inteligência do Exército dos Estados Unidos. Hoje, dá cursos de treinamento de pessoal tanto na CIA, a agência de inteligência do governo norte-americano, quanto no Pentágono.
(Como todo especialista, ele sabe da "excelência" dos brasileiros no setor. Foi Verton que fez a principal cobertura especializada do ataque que os tais Crime Boys, do Brasil, fizeram ao site oficial da Nasa no ano 2000.)
Em seu livro, são retratados sete garotos e uma menina. É justamente esta uma das mais interessantes. Trata-se de Anna Moore, 15 anos, também conhecida como Starla Pureheart, "um exemplo acabado de sofisticação e comportamento ético", segundo Verton. Ela foi a primeira mulher a vencer o concurso anual de hackers éticos Defcon.
Sim, há um concurso anual de hackers, assim como há o código não-escrito que exige que um deles, para que seja aceito como tal, invada por cinco vezes numa mesma semana um site considerado de alta segurança, como se fosse o rito de passagem de entrada nos Hell's Angels ou na Máfia.
Há também a divisão restrita entre os "white hats" (chapéus brancos), hackers que trabalham com profissionais de segurança para ajudar a evitar o ataque de outros hackers e principalmente de crackers, e os "black hats" (chapéus pretos), que passaram para o lado negro da força.
A estrela do livro porém é o hoje mundialmente famoso MafiaBoy, adolescente canadense que no começo do ano 2000 conseguiu tirar do ar pela primeira vez os sites da Amazon, CNN e Yahoo, entre outros. A ele o autor reserva o maior espaço.
Varter teve acesso aos documentos da Operação Claymore, na verdade vigílias que a Polícia Montada do Canadá realizou em frente à casa do garoto, antes de prendê-lo, quando acabou por desvendar sem querer até mesmo um improvável plano de assassinato que seu pai preparava.
O livro já está em 11 de cada dez sites dedicados ao assunto e vem recebendo boas resenhas de um público muito importante. "Eu fiquei realmente surpreso ao ler e ver que os fatos estão corretos, sem conter a visão sensacionalista que a mídia tem da gente", escreve "Genocide" (Genocide@Genocide2600.com).
Com ele concorda "Dawgyg" (dawgyg@crackdealer.com), um dos oito perfilados: "Gostei pessoalmente. Para variar, alguém publicou nosso ponto de vista em vez de só o dos federais ou o dos profissionais do meio".


Livro: "The Hacker Diaries - Confessions of Teenage Hackers"
Autor: Dan Verton
Lançamento: McGraw-Hill/Osborne
Preço: US$ 24,99 (219 págs.)
Onde:www.amazon.com; www.bn.com




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