|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil é celeiro de piratas do computador
DA REPORTAGEM LOCAL
A convivência do melhor e do pior dos
mundos não é novidade no Brasil. Na
internet, a fama dos brasileiros não difere muito disso. No ano passado, o país liderou mais um ranking polêmico: o de
vandalização de páginas da rede.
Segundo informações do site Alldas,
especializado em registrar invasões de sites em todo o mundo, as pichações virtuais passaram de 4,4 mil em 2000 para
22,4 mil em 2001. O porta-voz do Alldas,
Frederik Ostergren, relatou ao site de
tecnologia IDG Now que a maior parte
dessas invasões partiu do Brasil.
Já o site Attrition, que também contabiliza ataques a páginas da rede, mostra
que o Brasil se transformou num verdadeiro celeiro de hackers. O ano da virada
é 2000, segundo as informações do site.
Em 1999, haviam sido contabilizados 129
ataques de grupos brasileiros, que ainda
estavam atrás de hackers de Israel e do
México. Em 2000, o número de ataques
ultrapassou a barreira dos 500 sites, e os
brasileiros assumiram a liderança do
ranking. Assim como acontece com a seleção brasileira de futebol, os nossos maníacos por computador canarinhos passaram a ser respeitados pela comunidade hacker internacional.
Grupos como Inferno.br, Death Kings
Fúria, Crime Boys, Insanity Zine Corp,
mOrt3z, b10w, axur 05 e Prime Suspectz
ganharam notoriedade com seus ataques. Mas é bom lembrar que nem todos
esses assaltos virtuais são atos de criminosos, que estão atrás de informações
confidenciais, tentando fazer espionagem industrial ou simplesmente roubar
números de cartões de crédito.
A maior parte dos ataques é de brincadeiras feitas por garotos que desconfiguram ou picham páginas por exibicionismo, usando programas prontos, que são
encontrados com facilidade na rede.
"Invadir sites é muito fácil, existe um
monte de programas prontos para fazer
isso", explica Hernani Diamantas, 42,
editor do e-zine "Marketing Hacker".
Para ele, o hacker de verdade não está interessado em pichar páginas, ele usa o
sistema como extensão do conhecimento dele. É a pessoa que sabe escanear a rede e invadir porque precisa da informação para usar em outros programas.
Diamantas explica que o interessante
dos hackers "de verdade" é que eles querem introduzir uma nova ética, que passa pelo conhecimento livre e pelo software livre. Um exemplo é o movimento
"open source" (fonte aberta, em inglês),
que batalha pela adoção de sistemas
abertos configuráveis conforme a necessidade do usuário, como o Linux.
O nome que os especialistas dão para
os garotos que picham as páginas não é
hacker, mas defaced. É difícil traçar um
perfil desses garotos, saber quantos são e
onde se escondem, mas, a julgar pelas
mensagens que eles deixam dá para ter
pistas do que passa pela cabeça desses piratas do computador, que vão desde críticas ao governo e mensagens contra o
Bill Gates (presidente da Microsoft) a declarações de amor e poemas. Organizados em grupos, eles deixam e-mails para
quem teve suas páginas desconfiguradas, mas nunca respondem.
Os alvos dos ataques também parece
ser randômico. Entre os mais famosos
ataques brasileiros ainda são a invasão
do site da Nasa e a desconfiguração da
página da bolsa Nasdaq.
Texto Anterior: Ativistas modificam jogo com mensagens de amor Próximo Texto: Livro: Sexo com sabor Índice
|