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NA ESTRADA
Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br
Chuva de novembro
Estava mesmo ouvindo Guns'n'Roses quando me
dei conta de que vão chover shows em novembro.
Primeiro, disse aleluia. Louvado seja o Grande
Deus do Rock. Depois, um papo esclarecedor jogou água
fria na minha cabeça: "Você ligou para dar a pior notícia
da semana, né?", uma amiga perguntou. "Para contar
que o Faith No More confirmou!", eu disse, empolgada.
Eu os assisti e os conheci na Finlândia, e assistiria
mais uma cem vezes, com ou sem cover de Lady Gaga.
"Essa notícia estragou meu dia. Você sabe quanto dinheiro vou ter que gastar em novembro?" O sentimento
de obrigação e indignação da minha amiga era indubitável. Senti o mesmo rombo no bolso, ou na alma.
Mesmo com a crise se alastrando, o Brasil vai ganhar
belos shows de rock: Twisted Sister (que vai deixar de
usar maquiagem depois da turnê), Hardcore Superstar
(banda poderosa da Suécia), The Killers, Faith No More
(que vai fazer um emocionante cover de "Reunited", do
Peaches & Herbs), possivelmente Danko Jones, e os senhores supremos do AC/DC. Mas e dinheiro?
Como imprensa, posso até conseguir uns passes, mas
o que farão os outros? Lembro-me de quando o presidente Lula recomendou que quem tivesse dinheiro de
sobra gastasse, para a economia circular.
Mas o que acontece com os que ainda são sustentados
pelos pais? Com os que ganham o suficiente só para o
aluguel? Sim, porque este é o típico perfil do roqueiro.
Aquele que terá que passar pelo traumatizante momento de escolher entre uma grande banda e outra, ou frustrar-se por ter estado ausente de tudo.
Comecei este artigo pensando no que dizer para ajudar esse roqueiro a ser criativo na hora de economizar.
Daí pensei de novo. Quem eu acho que sou para dar dicas de economia? Eu dormiria cedo para não precisar
jantar, acordaria tarde para não tomar café da manhã,
fumaria bitucas, conseguiria bobos para pagar as baladas ou, em outras palavras, daria péssimos conselhos
inúteis. (Calma aí, pelo menos sou honesta.)
Então pensei o seguinte: por que vocês não me dão sugestões? Responderei aos melhores e-mails. Será pro
meu bem também, é claro, pois, mesmo estando na Folha de vocês, certamente terei que tirar dinheiro do bolso. E dá-lhe parcelas no cartão de crédito.
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