São Paulo, segunda-feira, 17 de agosto de 2009

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NA ESTRADA

Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br

Chuva de novembro

Estava mesmo ouvindo Guns'n'Roses quando me dei conta de que vão chover shows em novembro. Primeiro, disse aleluia. Louvado seja o Grande Deus do Rock. Depois, um papo esclarecedor jogou água fria na minha cabeça: "Você ligou para dar a pior notícia da semana, né?", uma amiga perguntou. "Para contar que o Faith No More confirmou!", eu disse, empolgada.
Eu os assisti e os conheci na Finlândia, e assistiria mais uma cem vezes, com ou sem cover de Lady Gaga. "Essa notícia estragou meu dia. Você sabe quanto dinheiro vou ter que gastar em novembro?" O sentimento de obrigação e indignação da minha amiga era indubitável. Senti o mesmo rombo no bolso, ou na alma.
Mesmo com a crise se alastrando, o Brasil vai ganhar belos shows de rock: Twisted Sister (que vai deixar de usar maquiagem depois da turnê), Hardcore Superstar (banda poderosa da Suécia), The Killers, Faith No More (que vai fazer um emocionante cover de "Reunited", do Peaches & Herbs), possivelmente Danko Jones, e os senhores supremos do AC/DC. Mas e dinheiro?
Como imprensa, posso até conseguir uns passes, mas o que farão os outros? Lembro-me de quando o presidente Lula recomendou que quem tivesse dinheiro de sobra gastasse, para a economia circular.
Mas o que acontece com os que ainda são sustentados pelos pais? Com os que ganham o suficiente só para o aluguel? Sim, porque este é o típico perfil do roqueiro. Aquele que terá que passar pelo traumatizante momento de escolher entre uma grande banda e outra, ou frustrar-se por ter estado ausente de tudo.
Comecei este artigo pensando no que dizer para ajudar esse roqueiro a ser criativo na hora de economizar. Daí pensei de novo. Quem eu acho que sou para dar dicas de economia? Eu dormiria cedo para não precisar jantar, acordaria tarde para não tomar café da manhã, fumaria bitucas, conseguiria bobos para pagar as baladas ou, em outras palavras, daria péssimos conselhos inúteis. (Calma aí, pelo menos sou honesta.)
Então pensei o seguinte: por que vocês não me dão sugestões? Responderei aos melhores e-mails. Será pro meu bem também, é claro, pois, mesmo estando na Folha de vocês, certamente terei que tirar dinheiro do bolso. E dá-lhe parcelas no cartão de crédito.


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