São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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"Temos um dos melhores shows do mundo hoje"

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o My Chemical Romance, o termo emo é um peso do qual eles não conseguem se livrar. Fizeram "The Black Parade" (2006), um disco dark, distante dos temas sensíveis de bandas ligadas ao emo, mas eles continuam sendo colocados dentro do rótulo. O Folhateen conversou sobre esse e outros assuntos com o guitarrista do grupo, Ray Toro, que se apresenta hoje e amanhã em São Paulo -eles fariam ainda shows no Rio de Janeiro e em Curitiba.

 

FOLHA - Como serão os shows em São Paulo? Vai ter música nova? RAY TORO - Pegamos nossas músicas favoritas de todos os discos, alguns "lados B", para dar a chance aos fãs de ouvir canções menos conhecidas ao vivo. E devemos tocar uma música nova, que ainda não tem nome e que compomos quando estivemos na Ásia.

FOLHA - O último álbum, "The Black Parade", surpreendeu muitos fãs pelo som mais dark e pesado do que os discos anteriores. De onde vieram as idéias para fazer o disco? TORO - Muito daquele disco veio de inspirações e de lembranças de episódios que aconteceram com a gente quando éramos adolescentes. Led Zeppelin, Queen, Rolling Stones, Pink Floyd... Todas essas bandas surpreendiam os fãs e faziam grandes discos em vez de coleções de canções. Queríamos algo do tipo com esse álbum, contar uma história de alguma maneira.

FOLHA - E que história era essa? TORO - Das preocupações de um jovem que está prestes a morrer. Ele quer voltar e fazer algumas coisas de forma diferente, tratar as pessoas diferente. Às vezes, não nos damos conta de como somos sortudos, e só percebemos isso em situações extremas, como quando chegamos perto da morte.

FOLHA - Vocês rejeitam o termo emo que muita gente utiliza para classificar a música de vocês? Isso acontece porque vocês não gosta do termo ou porque vocês não gostam das bandas associadas a ele? TORO - Porque esse termo não tem nenhum fundamento. Não dá para descrever como é a nossa música com esse rótulo. Não diz nada para nós. Quando começamos, não pertencíamos a nenhum gênero, e acho que ainda não pertencemos. Em cada disco mudamos nossas direções, nunca fizemos nada que fosse para parecer com outras bandas que estão na moda.

FOLHA - Você vê conexão entre o My Chemical Romance e as bandas Fall Out Boy e Panic At the Disco? TORO - Não acho que exista nenhuma ligação. Não vejo similaridades entre essas bandas. Conhecemos os caras do Fall Out Boy, do Panic, gosto deles, são jovens. Mas cada um vai se desenvolver separadamente.

FOLHA - O fato de muitas bandas serem chamadas de emo não ajudou essas bandas a ficarem conhecidas? Não teve um lado bom? TORO - Pode ter ajudado, pois muita gente ficou sabendo de bandas novas que de outra forma talvez não iriam conhecer. Mas depois tornou-se uma coisa negativa, de gente que tenta limitar o que fazemos.

FOLHA - Quando vocês tocaram no festival de Reading [Inglaterra], em 2006, o público foi bem agressivo com vocês, chegaram a atirar garrafas. O que achou daquilo? TORO - Nós tocamos depois do Slayer, uma banda que existe há muitos anos e que tem fãs dedicados. E nossa música não tem nada a ver com a deles. Havia muita gente ali, bebendo o dia inteiro, é claro que eles ficariam agressivos. Mas no fim do show as coisas foram melhorando, e o público tornou-se receptivo. Temos um dos melhores shows do mundo hoje. E eu prefiro ter um público agressivo do que um público que fica apenas parado, vendo você tocar, quase dormindo. Queremos mexer com as pessoas.


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