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EXPOSIÇÃO
Exposição reúne a diversidade polêmica da revista "Colors"
Olhos para ver o resto do mundo
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
É muito difícil alguém folhear
qualquer uma das 52 edições da
revista "Colors" sem sentir fortes
reações.
Polêmica e impactante, a revista
criada em 1991 pela equipe de Oliviero Toscani, fotógrafo publicitário responsável pelas controversas
campanhas da marca Benetton
-que chegaram a exibir em uma
propaganda a imagem cadavérica
de um doente terminal de Aids na
cama de um hospital-, adotou a
contramão como regra: nada de notícias, nada de moda e nada de celebridades. O objetivo era ser o mais
anticlichê possível.
Quem nunca viu uma "Colors"
poderá, a partir de hoje, conhecer
todas as suas edições na exposição
"Colors: uma Revista que Fala Sobre o Resto do Mundo", que fica até
o dia 1º de dezembro no Espaço Fashion do shopping Iguatemi (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232, 3º andar),
das 10h às 22h, com entrada franca.
Concebida para fazer a chamada
"geração MTV" refletir a partir de
imagens e de textos curtos, a cada
número, a revista elege um tema
-de consumo e brinquedos a guerra, Aids e obesidade- e esmiúça o
assunto ao redor do mundo, primando pelo engajamento social e
político e por tudo aquilo que você
normalmente não vê nos noticiários, na TV ou nos semanais. Suas
edições são bilíngues, distribuídas
em 60 países (inclusive no Brasil).
Acusada de sensacionalismo, a
"Colors" já perturbou muita cabeça-feita com imagens fortes, cruas e
belas. "O real é sempre controverso.
E a "Colors" é provocativa de maneira sutil", diz Adam Broomberg, 32,
um dos atuais editores da revista.
"Mostramos uma certa beleza por
trás de verdadeiras tragédias humanas. Expor a dignidade de pessoas e
de situações encaradas normalmente como impróprias realmente
provoca um sentimento complexo
nos leitores."
Laboratório
Desde 91, a "Colors" é editada em
Treviso, no norte da Itália, por uma
equipe formada principalmente por
jovens de 20 e poucos anos. A pequena cidade é sede da Fábrica, uma
espécie de laboratório de idéias
mantido pela Benetton, que reúne
jovens de todos o mundo para experimentos em diversas vertentes das
artes, como a fotografia, o design, a
música, a arquitetura etc.
São mais de 90 pessoas trabalhando em campanhas da Benetton e de
outras marcas, assim como na própria revista. Para montar tal equipe,
a Fábrica seleciona jovens de todo o
mundo para uma temporada -que
pode variar de seis meses a um
ano- de estudo e de prática de trabalho em grupo na Itália.
Atualmente, há um brasileiro na
Fábrica. O designer gráfico mineiro
Helder Alves Araújo, 25, que está em
Treviso desde agosto, já trabalhou
com publicidade em Belo Horizonte
e está animado com a experiência de
atuar ao lado de canadenses, indianos, japoneses, cubanos e muitos
europeus que também fazem estágio na Fábrica. "Não é rápido nem
fácil. O processo leva quase um ano
e eles fazem uma seleção rigorosa do
pessoal", conta. "Desde a faculdade,
quero vir para cá", diz, realizado.
Mais informações sobre o programa de estudos e estágio na Itália estão disponíveis no site da Fábrica:
www.fabrica.it.
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