São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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EXPOSIÇÃO

Exposição reúne a diversidade polêmica da revista "Colors"

Olhos para ver o resto do mundo

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

É muito difícil alguém folhear qualquer uma das 52 edições da revista "Colors" sem sentir fortes reações.
Polêmica e impactante, a revista criada em 1991 pela equipe de Oliviero Toscani, fotógrafo publicitário responsável pelas controversas campanhas da marca Benetton -que chegaram a exibir em uma propaganda a imagem cadavérica de um doente terminal de Aids na cama de um hospital-, adotou a contramão como regra: nada de notícias, nada de moda e nada de celebridades. O objetivo era ser o mais anticlichê possível.
Quem nunca viu uma "Colors" poderá, a partir de hoje, conhecer todas as suas edições na exposição "Colors: uma Revista que Fala Sobre o Resto do Mundo", que fica até o dia 1º de dezembro no Espaço Fashion do shopping Iguatemi (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232, 3º andar), das 10h às 22h, com entrada franca.
Concebida para fazer a chamada "geração MTV" refletir a partir de imagens e de textos curtos, a cada número, a revista elege um tema -de consumo e brinquedos a guerra, Aids e obesidade- e esmiúça o assunto ao redor do mundo, primando pelo engajamento social e político e por tudo aquilo que você normalmente não vê nos noticiários, na TV ou nos semanais. Suas edições são bilíngues, distribuídas em 60 países (inclusive no Brasil).
Acusada de sensacionalismo, a "Colors" já perturbou muita cabeça-feita com imagens fortes, cruas e belas. "O real é sempre controverso. E a "Colors" é provocativa de maneira sutil", diz Adam Broomberg, 32, um dos atuais editores da revista. "Mostramos uma certa beleza por trás de verdadeiras tragédias humanas. Expor a dignidade de pessoas e de situações encaradas normalmente como impróprias realmente provoca um sentimento complexo nos leitores."

Laboratório
Desde 91, a "Colors" é editada em Treviso, no norte da Itália, por uma equipe formada principalmente por jovens de 20 e poucos anos. A pequena cidade é sede da Fábrica, uma espécie de laboratório de idéias mantido pela Benetton, que reúne jovens de todos o mundo para experimentos em diversas vertentes das artes, como a fotografia, o design, a música, a arquitetura etc.
São mais de 90 pessoas trabalhando em campanhas da Benetton e de outras marcas, assim como na própria revista. Para montar tal equipe, a Fábrica seleciona jovens de todo o mundo para uma temporada -que pode variar de seis meses a um ano- de estudo e de prática de trabalho em grupo na Itália.
Atualmente, há um brasileiro na Fábrica. O designer gráfico mineiro Helder Alves Araújo, 25, que está em Treviso desde agosto, já trabalhou com publicidade em Belo Horizonte e está animado com a experiência de atuar ao lado de canadenses, indianos, japoneses, cubanos e muitos europeus que também fazem estágio na Fábrica. "Não é rápido nem fácil. O processo leva quase um ano e eles fazem uma seleção rigorosa do pessoal", conta. "Desde a faculdade, quero vir para cá", diz, realizado.
Mais informações sobre o programa de estudos e estágio na Itália estão disponíveis no site da Fábrica: www.fabrica.it.



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