|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
Time de cineastas estrelado foca crianças em diferentes
países do mundo em filme que estréia no dia 31 deste mês
Mundo pequeno
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto para uns a infância é uma
fase de brincadeiras e estudos, para
outros é nesse momento que começa o contato com a vida adulta. É sobre esse
segundo grupo de crianças, que precisa se
virar desde muito cedo para sobreviver,
que trata o filme "Crianças Invisíveis."
Com estréia prevista para o próximo dia
31, o filme é uma produção italiana, com sete episódios, todos assinados por diretores
consagrados. Realizado com o apoio do
Unicef, é um misto de projeto social e empreendimento cinematográfico. Além de
mostrar para o mundo como vivem crianças e adolescentes carentes em vários países, o filme pretende "estimular a consciência e a responsabilidade social das pessoas."
Assim sendo, o que predomina é o tom
emotivo, com direito a histórias tristonhas
para arrancar lágrimas do público. Como
toda produção que tem vários autores, o resultado é irregular, passeando entre o melodrama e a leveza.
O ponto alto fica por conta do cineasta iugoslavo Emir Kusturica. Ele conta a história
de Uros, um jovem cigano cuja família sobrevive de pequenos furtos, geralmente
praticados pelas crianças.
Uros está às vésperas de sair do reformatório, mas a possibilidade de voltar a viver
com o pai alcoólatra e agressivo não é muito animadora. Ele quer mesmo ir morar
com o tio e ser barbeiro.
Sem apelações, Kusturica opta por uma
narrativa bem humorada para mostrar a
vida dos ciganos, com toda a sua malandragem e violência, e o cotidiano no reformatório, com suas grades e a disciplina rígida.
O episódio brasileiro, dirigido por Katia
Lund, traz a história de Bilu e João, duas
crianças que ganham a vida catando latinhas e papelão nas ruas do centro de São
Paulo para vender.
Mesmo tendo de lidar com responsabilidades de gente grande e ganhar dinheiro
para comprar comida, eles arrumam brechas entre uma tarefa e outra para brincar.
Em "Jesus Children of America ", Spike
Lee conta a história de Blanca, uma criança
soropositiva, cujos pais têm Aids e são viciados em drogas.
Com um tema tão pesado, um pouco de
sutileza cairia bem. Mas o diretor prefere
carregar no drama, com uma abordagem
bem explícita, mostrando os pais da garota
se drogando, brigando por causa dos remédios e da falta de dinheiro.
Blanca ainda sofre com o preconceito dos
colegas de escola e é obrigada a presenciar a
fúria de uma mãe ao saber que a escola tem
uma aluna soropositiva.
O panorama de "Crianças Invisíveis" se
completa com o retrato de adolescentes
guerrilheiros em Ruanda (tema do episódio "Tanza", de Mehdi Charef); a história
dos pequenos roubos praticados por jovens da periferia de Nápoles, Itália ("Ciro",
de Stefano Veneruso); a crise de um fotógrafo de guerra ("Jonathan", de Jordan e
Ridley Scott); e ainda o drama da pequena
Little Mao, uma órfã chinesa cuja única
companheira é uma boneca ("Song Song e
Little Mao", de John Woo).
(LETICIA DE CASTRO)
Texto Anterior: Sexo & saúde - Jairo Bouer: Ejaculação precoce preocupa garotos Próximo Texto: Música: Festa no iPod Índice
|