São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006

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CINEMA

Time de cineastas estrelado foca crianças em diferentes países do mundo em filme que estréia no dia 31 deste mês

Mundo pequeno

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto para uns a infância é uma fase de brincadeiras e estudos, para outros é nesse momento que começa o contato com a vida adulta. É sobre esse segundo grupo de crianças, que precisa se virar desde muito cedo para sobreviver, que trata o filme "Crianças Invisíveis."
Com estréia prevista para o próximo dia 31, o filme é uma produção italiana, com sete episódios, todos assinados por diretores consagrados. Realizado com o apoio do Unicef, é um misto de projeto social e empreendimento cinematográfico. Além de mostrar para o mundo como vivem crianças e adolescentes carentes em vários países, o filme pretende "estimular a consciência e a responsabilidade social das pessoas."
Assim sendo, o que predomina é o tom emotivo, com direito a histórias tristonhas para arrancar lágrimas do público. Como toda produção que tem vários autores, o resultado é irregular, passeando entre o melodrama e a leveza.
O ponto alto fica por conta do cineasta iugoslavo Emir Kusturica. Ele conta a história de Uros, um jovem cigano cuja família sobrevive de pequenos furtos, geralmente praticados pelas crianças.
Uros está às vésperas de sair do reformatório, mas a possibilidade de voltar a viver com o pai alcoólatra e agressivo não é muito animadora. Ele quer mesmo ir morar com o tio e ser barbeiro.
Sem apelações, Kusturica opta por uma narrativa bem humorada para mostrar a vida dos ciganos, com toda a sua malandragem e violência, e o cotidiano no reformatório, com suas grades e a disciplina rígida.
O episódio brasileiro, dirigido por Katia Lund, traz a história de Bilu e João, duas crianças que ganham a vida catando latinhas e papelão nas ruas do centro de São Paulo para vender.
Mesmo tendo de lidar com responsabilidades de gente grande e ganhar dinheiro para comprar comida, eles arrumam brechas entre uma tarefa e outra para brincar.
Em "Jesus Children of America ", Spike Lee conta a história de Blanca, uma criança soropositiva, cujos pais têm Aids e são viciados em drogas.
Com um tema tão pesado, um pouco de sutileza cairia bem. Mas o diretor prefere carregar no drama, com uma abordagem bem explícita, mostrando os pais da garota se drogando, brigando por causa dos remédios e da falta de dinheiro.
Blanca ainda sofre com o preconceito dos colegas de escola e é obrigada a presenciar a fúria de uma mãe ao saber que a escola tem uma aluna soropositiva.
O panorama de "Crianças Invisíveis" se completa com o retrato de adolescentes guerrilheiros em Ruanda (tema do episódio "Tanza", de Mehdi Charef); a história dos pequenos roubos praticados por jovens da periferia de Nápoles, Itália ("Ciro", de Stefano Veneruso); a crise de um fotógrafo de guerra ("Jonathan", de Jordan e Ridley Scott); e ainda o drama da pequena Little Mao, uma órfã chinesa cuja única companheira é uma boneca ("Song Song e Little Mao", de John Woo).
(LETICIA DE CASTRO)


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