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EMOMANIA
Estilo de vida para uns, bobagem para outros,
o emo cresce cada vez mais, despertando
paixão e fúria entre os adolescentes
Entre o amor e o ódio
Leonardo Wen/Folha Imagem
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Nelson e Felipe 15, que curtem o estilo emo |
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles estão em todos os lugares. Nos
shoppings, em escolas públicas ou
particulares, em casas de show, nas
baladas e nas lojas de música.
Com suas franjas compridas, colares de
bolas e um ar de desencanto e melancolia
com o mundo, os emos se multiplicam e,
no último ano, viraram uma febre entre os
adolescentes. Quem não é, tem algum amigo ou pelo menos conhece alguém que tenha aderido ao estilo.
Victor Souza tem 18 anos e se considera
um emo veterano. Ele curte as músicas e
adotou o visual há mais ou menos dois
anos. Para ele, a atual "febre emo" tem seus
pontos negativos. "Tem muita gente que só
se veste nesse estilo, mas não conhece o
som, a história. Quando você pergunta as
bandas que eles gostam, só sabem falar das
mais famosas, são "posers'", diz.
Felipe Lemos, 15, concorda. "O chato é
que você acaba sendo tachado de "modinha". Eu não sou, porque conheço o estilo
há muito tempo", diz.
Quando começou a ouvir as músicas, Felipe também adotou o visual. Ele usa camisetas sobrepostas, pulseira e franja comprida com o cabelo espetado atrás. "Eu gosto
de ser diferente, mas não acho legal que todo mundo fique me olhando e falando
mal", conta Felipe.
Ouvir gracinhas e brincadeiras preconceituosas por conta do visual e do jeito
emotivo e melancólico já faz parte do dia-a-dia dessa turma. "Geralmente a gente é
zoado, porque as pessoas têm preconceito", diz Nelson Pavone Jr., 15, que descobriu o emo há dois anos.
Para ele, o emo vai além da música. "Você
percebe quem é pelo estilo de roupa, pelo
jeito de falar, que não é arrogante. É uma
pessoa sensível, que se esforça para não
magoar as pessoas", completa.
Assim, são avessos a confrontos e brigas e
não costumam se deixar levar pela provocação. "Levo tudo na brincadeira, não estou nem aí", conta Felipe.
Mesmo assim, a provocação é forte. Tanto que Camila Gonçalves, a Senhorita Solitária, 15, deu um tempo no visual emo. "A
sociedade está discriminando muito, então
eu estou evitando. As pessoas fazem brincadeiras, falam que o jeito de se vestir é ridículo. Você escuta isso o dia inteiro na escola, então eu estou preferindo não usar os
acessórios, para o pessoal não ficar zoando", diz Camila, que tem 15 anos e virou
emo no ano passado.
No site de relacionamentos Orkut, é possível encontrar comunidades raivosas contra os emos. Rafael Smokovitz, 20, criou a
comunidade "Eu Odeio a Modinha Emocore", em homenagem a uma amiga que,
segundo ele, virou emo "do dia para a noite". "O que incomoda é as pessoas se rotularem, é uma modinha que não acaba", diz.
A fúria é tamanha que já há até pessoas
que usam broches dizendo "Odeio Emo."
Na Galeria do Rock, reduto dos roqueiros
no centro de São Paulo, os embates entre
emos, metaleiros, punks e fãs de hardcore
também são freqüentes. "A gente se sente
até meio intruso por aqui, virou a "Emolândia'", diz o metaleiro Thiago Lima, 18.
Som e emoção
Mas o emo é muito mais do que franjas
compridas, roupas coloridas e extravagantes e melancolia. A origem de tudo está na
música, o emocore. Derivado do hardcore,
o estilo acrescentou melodia às guitarras
distorcidas e passou a tratar de assuntos do
coração, no lugar das músicas de protesto,
que predominam no hardcore.
Entre os fãs do estilo, há também aqueles
que cultuam a música, mas não aderem ao
visual. Juliana Alves, 18, gostava de hardcore e expandiu para o emo, que acompanha
há cerca de dois anos. "Eu acho que a roupa
é conseqüência. Não acho que emo seja
uma maneira de agir. É uma música e eu
curto porque acho bonito", diz a estudante,
que acompanha a carreira das bandas brasileiras e não perde um show de hardcore
no Hangar 110.
Sobre a fama de tristonhos e chorosos
que os emos ganharam (e que muitos cultivam), ela explica: "Emo vem de "emotional
hardcore", mas não significa que, por gostar dessa música, a pessoa é necessariamente chorosa. Eu, por exemplo, sou até
divertida demais", garante.
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