São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006

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MÚSICA

Banda baiana de "nu-metal" toma emprestado o nome do CD "Meteora", o maior sucesso da banda Linkin Park

Não é mera coincidência

DA REPORTAGEM LOCAL

Pense bem. Há no rock nacional atualmente algumas bandas que lembram bastante o nu-metal de Linkin Park, o punk pop do Green Day ou o pós-grunge do Foo Fighters. Mas poucas delas assumem essas influências descaradas. Por quê? Inspirar-se na música atual é um problema? Para esta banda baiana, que tomou o nome do segundo CD do Linkin Park, Meteora, definitivamente não. Soar como o Linkin Park chega a ser uma honra.
"Acho que algumas bandas não querem dizer que parecem com outras para não parecer modismo. Eu gosto de todo tipo de rock, mas a minha influência é o som moderno, o nu-metal. Gosto muito de Linkin Park, Limp Bizkit, System of a Down, gosto de timbres modernos, não gosto muito de timbres dos anos 70", diz o vocalista Fabio Duarte, 25, que montou a banda no colégio, mas só a retomou há dois anos e meio.
"Quando perguntam qual é o nosso estilo, digo que é nu-metal. E, se dizem que a gente parece com o Linkin Park, é uma honra, porque é uma banda que têm dois dos CDs mais bem produzidos que eu já ouvi. Então eu digo que a gente é nu-metal pelos timbres que a gente usa, pelas concepções, samples e efeitos de piano e cordas. Se é parecido mesmo, eu não posso dizer. Quem tem que achar são as pessoas."
Segundo Fabio, engana-se quem pensa que o fato de a banda usar o nome de um álbum famoso no mundo todo ajude a atrair público. "Ajuda a atrair preconceito, às vezes. Na verdade, até mais preconceito. É mais difícil conseguir a marca, porque várias bandas podem querer esse nome, e o povo pode estereotipar o grupo."
Então, por que correr o risco de ser tachado de "modinha"? Fabio explica que foi uma questão de gosto. "O nome não tem muito a ver com o lance de ser nu-metal. Um dia peguei o CD do Linkin Park para ouvir e pensei, "Meteora, que nome bonito". Achei um nome expressivo. Mas poderia ser o nome de um CD do Green Day."
O vocalista afirma que o Meteora não se beneficiou diretamente com o "efeito Pitty", ou seja, com o sucesso da cantora baiana que fez o Brasil prestar atenção no rock produzido na cena de Salvador.
"Depois de Pitty, o Brasil percebeu um pouco que há rock em Salvador; até mesmo aqui as pessoas começaram a notar mais. Mas a cena rock sempre existiu. Depois de Pitty não apareceram mais bandas, mas elas começaram a chamar atenção. Isso pode ter dado alguma força ao rock, mas não voltamos por causa dela", explica.
Um detalhe curioso, que não compromete o rock honesto tocado pelo grupo Meteora, é o selo pelo qual lança o disco de estréia, "O Antes e o Depois". Na verdade, a curiosidade é sobre quem é a proprietária do selo Caco de Telha: a rainha do axé, Ivete Sangalo, que apostou no nu-metal (!).
"A gente conhecia Ivete. Mostrei para ela e para Jesus -seu empresário e irmão- a música "Tá pra Nascer". Eles gostaram, gravamos em um estúdio melhor, e ele botou para tocar no rádio em Salvador. Tivemos muitos pedidos e gradativamente as coisas foram acontecendo." (LEANDRO FORTINO)

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