São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006 |
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TEATRO Humor e crítica
Peça "Miserê Bandalha" trata a violência urbana com olhar crítico e tom de paródia; leia entrevista com a diretora
O Brasil "favelizô", na opinião de Johana Albuquerque, 40, diretora da
peça "Miserê Bandalha", espetáculo
que tem esse nome engraçado e sonoro
mas que retrata nosso país zoneado em
meio a miséria da sociedade. Folha - Como a platéia vem reagindo ao espetáculo? Johana Albuquerque - Os jovens gostam muito, riem mais facilmente; às vezes leva um certo tempo para a platéia perceber que pode e deve rir de sua própria tragédia. Folha - Trata-se de uma denúncia? Johana - Denúncia? Não acho que revelamos algo que não se sabe, todo mundo conhece o que estamos falando, está no cotidiano de todos, nos jornais. O importante é como falamos. Violência só gera violência, e acreditar que se armar é a melhor defesa é uma falácia tão grande quanto achar que ganhar 1 milhão de dólares é para todos. Folha - O tom satírico nas cenas de situação-limite não pode ser interpretado como deboche ou apologia ao crime? Johana - Deboche sim, apologia ao crime não. O que estamos querendo dizer é que, se não olharmos para dentro da nossa própria sede de violência, para nossa intolerância com a diferença, a tendência é a segregação, até sermos pequenos grupos, cada um com códigos próprios e ilegíveis para os outros. Folha - Você é uma diretora de teatro especializada em política? Johana Albuquerque - Não, sou uma pessoa plugada no seu tempo, só isso. Folha - Você já sofreu algum tipo de ameaça pelas suas escolhas? Johana - Não, mas desfruto do medo diário de ser alguém que bota a cara pra bater. MISERÊ BANDALHA - teatro João Caetano (r. Borges Lagoa, 650, tel. 0/xx/11/5573-3774); preço: R$ 10; sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h30; até 30/4. Texto Anterior: O2 Neurônio: O robô que faz carinho Próximo Texto: Música: Preparando-se para o "Inferno" Índice |
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