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comportamento
Bolso vazio, armário cheio
Seja por meio da grana dos pais ou do próprio salário,
jovens consumistas se entopem de roupas e acessórios
ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
C
amisas e vestidos de marcas
famosas no armário. Fim da
mesada muito
antes de acabar o mês.
Vontade de comprar um
jeans uma semana depois
de ter adquirido um novo.
Se você se identificou com alguma dessas características,
pode-se dizer que você está inserido no grupo de consumidores vorazes, capaz de gastar
muito dinheiro em uma blusa
ou em um tênis.
As razões para a prática dessas atitudes variam de pessoa
para pessoa. Para Maria Letícia
Zarzur, 14, ou Tita, como ela
gosta de ser chamada, o importante é seguir as últimas tendências da moda. "Acontece
que estar na moda é o meu estilo", declara. Por conta disso,
quando vê uma roupa de que
gosta no shopping ou em lojas
como a Daslu, quer logo tê-la
em seu armário para a próxima
festa ou para o passeio com as
amigas.
"São os meus pais que compram as roupas para mim.
Quando eles não querem me
dar o dinheiro, eu proponho
uma troca. Tipo: "Ah, se eu fizer
isso, vocês compram o vestido?", conta a estudante.
Sua mãe, Fátima Zarzur, tenta brecar o impulso da filha: "Se
eu deixar, ela compra qualquer
bobagem", afirma. No entanto,
reconhece que muitas vezes cede aos pedidos da garota. "Há a
pressão dos amigos, a vaidade
de querer mostrar o que tem
para entrar em um determinado grupo... É complicado."
Segundo o professor de psicologia da PUC Carlos Eduardo
Carvalho Freire, o adolescente,
como costuma andar em grupo,
tem a necessidade de ter destaque. "Agradar ao olhar do outro
é importante, dá ao adolescente a sensação de existir", afirma
o psicoterapeuta (leia ao lado).
Outro fator é a vaidade. O estudante Bruno Fonseca, 14, por
exemplo, embora afirme que o
nome da marca não seja importante, prefere as roupas de grife. "É uma questão de vaidade
mesmo, para eu me sentir bem.
Além disso, chama a atenção
das outras pessoas, principalmente das garotas."
Estudante de um colégio de
classe alta de São Paulo, ele diz
que seus colegas têm comportamento parecido com o dele.
Por essa razão, a mãe do garoto, Sandra Maria Costa da
Fonseca, entende o comportamento do filho. "A preferência
por grifes se deve ao fato de ele
estar inserido em um grupo social no qual as marcas são priorizadas. O que faço é orientá-lo
a ter controle sobre o orçamento que oferecemos a ele."
Fúteis?
E se alguns dependem das
mesadas, dos limites impostos
pelo cartão ou da boa vontade
dos pais, outros gastam praticamente todo o salário que recebem em jeans, calçados e outros acessórios. É o caso de Diego César Bianchini, 20.
Vendedor de um shopping
em Maringá (PR) ele costuma
usar todo seu salário -entre R$
700 a R$ 900 mensais- em
roupas. "Minha maior compra
foi de R$ 750, quando, de uma
só vez, levei uma calça e um boné", conta. "Sim, sou consumista assumido. Diria até fútil",
diz, sem censura alguma. Suas
marcas preferidas são Colcci,
Carmim e Dolce & Gabbana.
O termo futilidade é geralmente atribuído a esses ávidos
consumidores. Mas eles preferem não dar ouvidos às críticas.
De acordo com a estudante
Rossanna Petrosino, 21, os pais
dela reclamam bastante de seu
excessivo gasto. "Sou a mais
nova e única mulher dos filhos.
Então, o susto para eles foi
grande", conta. A moça é daquelas que não consegue comprar um presente para alguém
antes de comprar um para si
mesma. "Meus amigos dizem
que eu só vivo no shopping!"
Rossanna já gastou de uma só
vez R$ 800 em calças da M. Officer. Ela ganha cerca de R$ 20
por dia do pai, mas geralmente
apela para a mãe, pois gasta demais e sem perceber. "Ela é a
minha quebra-galho", conta.
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