GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o bem ou para o mal, os ingleses do Radiohead têm feito escola.
Se Thom Yorke e companhia não podem ser totalmente responsáveis pelo surgimento de aberrações como o Coldplay -que se esforça para fazer um disco como "The Bends", mas só consegue produzir baladas chatinhas para tocar em trilha de novela-, eles podem, sim, receber crédito por influenciar novas bandas a romper com o padrão chapa-branca do rock.
Aluna aplicada da escola experimental do Radiohead, a banda The Cooper Temple Clause tem seu disco de estréia, "See this Trough and Leave", lançado no Brasil pela BMG.
No álbum, esses ingleses de Reading conseguem fundir influências que vão do grunge e do britpop à música eletrônica. E o resultado, em vez de parecer uma colagem, é coeso.
Assim, em "See this Trough and Leave", convivem sem grandes conflitos baladas ("Digital Observations"), faixas roqueiras ("Been Training Dogs") e canções pop recheadas de referências eletrônicas ("Let's Kill Music"). Todas envolvidas por letras que alternam momentos de melancolia e de ira juvenil.
"Escrevemos sobre nós, sobre a nossa adolescência... São músicas que falam de crescer, de errar e de aprender com os erros", diz o vocalista da banda, Ben Gautrey, 22.
Ao mostrar que tem voz própria, o Cooper Temple Clause caiu nas graças dos jornais de música, que apontam o grupo como a grande sensação depois de Strokes e de White Stripes e não param de compará-lo ao Radiohead.
Parece exagero? Com certeza. E até Gautrey reconhece o hype. "Na Inglaterra, quando você é de uma banda nova, os jornais têm a tendência de fazer um hype enorme. Parece que toda a semana surge uma banda que será a nova sensação", diz.
Contudo Gautrey não nega a inspiração no Radiohead, que, segundo ele, é uma das poucas bandas de hoje que conseguem continuar mudando. "Eles só fazem o que querem fazer. Acho que isso tem a ver conosco, mas ainda temos um longo caminho pela frente antes de podermos ser comparados a eles", afirma.
Para Gautrey, o segredo da banda é fugir dos clichês. "Desejamos fazer sempre uma música que seja nova, desafiadora. Não aceitaremos fazer nada diferente disso", diz. "Somos amigos desde os 12 anos e tocamos juntos desde sempre. Como todos nós compomos, todos dão palpites nas músicas. Assim, conseguimos descartar aquelas que soem datadas ou chatas."
Que continuem assim...