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folhateen explica
Queda nos salários influencia a mudança na hora de comer
Padrão de alimentação do brasileiro tem piora em 2002
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quantas vezes por mês ou por ano um jovem recorre aos salgadinhos ou ao macarrão instantâneo -popularmente conhecido
como "miojo"- para espantar a fome? Poucas, muitas?
Uma pesquisa do Instituto Nielsen mostra
como o consumo desses itens disparou no
país. No interior de São Paulo, as vendas dos
salgadinhos em pacotes, como batata frita e
amendoim, cresceram quase 124% nos primeiros meses do ano. Em todo o Estado (incluindo a capital paulista), as vendas aumentaram mais de 77%.
O macarrão instantâneo é o quarto produto
mais comprado no Estado -entre todos os
disponíveis nos supermercados atualmente,
informa a pesquisa. Ao mesmo tempo, os fornecedores de produtos congelados afirmam
que a procura pela carne de porco disparou
neste ano. Só a Sadia -a maior empresa de
alimentação do país- vendeu tanta carne
suína em 2002 que sua receita com a venda do
produto cresceu 78% de janeiro a março.
A questão é: estamos comendo mal? Ou, na
prática, isso não acontece porque a procura
por itens como a carne magra (frango) e verduras também cresceu?
Os números mostram que estamos mesmo
comendo pior. A venda de frango das indústrias para as lojas caiu, em média, 20% no início deste ano. E a elevação no preço das verduras fez cair a procura pelo produto ultimamente. "Não dá para as pessoas comprarem a
mesma coisa que compravam há um ano. Isso porque a renda do brasileiro caiu muito",
explica João Carlos Lazzarini, especialista em
varejo. "Com isso, a qualidade da alimentação tende a piorar".
O brasileiro tem recebido menos salário a
cada mês e isso tem reflexo direto na alimentação. A renda mensal é corroída por causa da
elevação da inflação, e o resultado é fazer trocas temporárias na despensa de casa.
Na pesquisa da Nielsen, há um dado importante. Os supermercados perceberam neste
ano um crescimento de 20% na venda de chá
gelado, água e suco pronto. Enquanto isso, o
consumo de refrigerante caiu nos primeiros
meses do ano. "O refrigerante perdeu espaço
porque não está sendo associado à imagem de
algo saudável", diz Martinho Moreira, diretor
da D'Avó Supermercados.
Para ele, todas essas mudanças indicam uma
tendência nos hábitos das pessoas. "A questão
que fica é como enfrentar períodos de crise
econômica, com salários estagnados, sem acabar com a nossa qualidade de vida".
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