São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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O2 NEURÔNIO

O super-homem chegou

JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO

O metrossexual datou. Sim, dia desses fomos surpreendidas pela notícia, que veio a reboque no lançamento do livro "The Future of Men", que saiu recentemente nos EUA. Seus autores defendem que o uso de cremes e produtos de beleza pelos homens é algo cafona e fora de moda. Que, agora, homem que é homem tem de ser assim... digamos... um pouco mais rude. Uma coisa, segundo eles, entre o Bono Vox e o Arnold Schwarzenegger.
Na incapacidade de conseguirmos imaginar um meio-termo entre o cantor do U2 e o governador aborígene da Califórnia, ficamos pensando sobre o tal "übersexual". Que, segundo os autores, é o novo tipo de homem do momento. Um homem tipo... o Donald Trump. Eca! Isso significa que, no Brasil, o homem da moda é o Roberto Justus. O homem bacana de hoje, então, tem que falar: "Você está demitido". E usar cabelo com escova.
"Über" é um prefixo alemão que quer dizer "super". Sim, o homem do futuro é uma espécie de super-homem. Isso não significa que ele deva ser o maioral do sexo, mas que é um ser superior a tudo e a todos. ""Über" significa que é o melhor, o maioral. O "übersexual" é mais atraente, não apenas fisicamente, mas também mais dinâmico, confiante, masculino, estiloso e comprometido com a qualidade em todas as áreas da sua vida", diz uma das autoras, Marian Salzman.
Mais uma vez, não há espaço para uma falta de jeito, um cabelo torto, um defeito qualquer. Não dá para ser ruim nem no futebol de botão. Ah, é, o futebol de botão também datou. "Ele é bom em tudo", diz Ira Matathia, uma das co-autoras. "Ele também gosta de sair com seus amigos igualmente machos. Não está preocupado se os outros vão pensar que ele é gay. Ele sabe que ele é heterossexual e isso que importa", diz Salzman. Ah, ele também é sensível e compreende as mulheres. O cara é foda.
Não há espaço para dúvidas, para ser indefinido, para um dia chorar sem saber o que fazer. É preciso ser o maioral, porque o super-homem -ou "übersexual", se preferir- é o novo tipo do momento. Quem quiser que acredite nessa versão remix de príncipe encantado.
E quem tiver coragem que tope fazer o papel de Cinderela. Porque imagina namorar um super-homem desses! A moça também vai ter que ser a melhor em tudo, a chefe da torcida, a eleita pelo grêmio, a de cabelo perfeito, esportista, intelectual e bem resolvida (tudo ao mesmo tempo). "Übersexual" deve namorar uma mulher "über", imaginamos. Agora, imagina que chatice dar de cara com um "übercasal" pela frente! Vai ser uma "überchatice". Melhor continuar acreditando em esquisitos. Nós achamos. Pelo menos.

Momentos de histeria
"Boys don't cry"

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