São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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29ª MOSTRA DE CINEMA

Cineastas brasileiros registram em documentário o "jogo da paz", partida entre Brasil e Haiti

Quando o futebol matou a fome do Brasil

Divulgação
Cena do documentário "O Dia em que o Brasil Esteve Aqui", um dos destaques da Mostra


JOÃO PAPA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em agosto de 2004 os cineastas Caíto Ortiz e João Dornelas viajaram para o Haiti para documentar o chamado "jogo da paz", quando a seleção brasileira jogou contra a seleção haitiana. O amistoso foi idéia do primeiro-ministro Gerard Latortue. A idéia chamou a atenção do presidente Lula, que propôs a partida a Ricardo Teixeira (presidente da CBF). Ortiz e Dornelas não esperavam o que encontraram.
Não é lorota não: os haitianos estavam torcendo e delirando pelo Brasil. Enquanto acompanhavam tropas da ONU, a dupla de cineastas presenciou algo absolutamente surrealista: havia muito mais briga para pegar uma camiseta amarela, com uma estampa com os dizeres "Brilha Brasil", do que por comida. É esse o tema de "O Dia em que o Brasil Esteve Aqui", documentário que está na 29ª Mostra de Cinema.
Mas, ainda assim, resta a pergunta que o documentário responde, eficientemente -um jogo de futebol é capaz de acalmar uma nação e restabelecer a paz?
O filme é atualíssimo. Está para rolar a primeira eleição presidencial no país desde a queda de Jean Bertrand Aristide, em fevereiro de 2004. Isso, mais o fato de ser uma discussão política que envolve o Brasil diretamente (as forças da ONU no país são tropas brasileiras), eleva o Haiti a concorrente ao tema de redação dos vestibulares.
A direção dos dois é eficiente. Não apenas por mostrar a complexidade da questão no Haiti, mas, principalmente, porque o faz de um jeito, no mínimo, bonito, auxiliado por uma trilha sonora espetacular.
Ao todo são mais de 40 horas de filmagem, que foram enxugadas em um filme só. As imagens mostram cenas de um povo pobre, miserável, que vive num país instável (com 33 golpes de estado em 200 anos; média de um golpe a cada seis anos).
Esse é mais um daqueles filmes necessários para entender o mundo e como as coisas funcionam. É curto, são só 72 minutos de duração, mas é cheio de imagens fortes, bonitas e carregadas de importância.


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