São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004

Os quatro principais candidatos à Prefeitura de São Paulo contam para o Folhateen as prioridades para o jovem em seus projetos

O que eles pretendem para vocês

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nesta semana, a disputa pela Prefeitura de São Paulo chega à reta final. E você não vai ficar de fora dos futuros planos dos quatros candidatos que lideram as pesquisas de voto para o cargo de governante da maior cidade do país. Mas o que de fato eles pretendem para você?
O Folhateen enviou um questionário com perguntas idênticas para José Serra (PSDB), Marta Suplicy (PT), Paulo Maluf (PP) e Luiza Erundina (PSB) para saber as prioridades que esses candidatos darão aos jovens de São Paulo.
Serra e Marta, líderes das intenções de voto, dizem que vão priorizar a cultura para o jovem. O candidato do PSDB quer criar o Festival Mundial da Cultura Jovem, que, segundo ele, "terá atrações musicais, culturais e multimídia, com novas opções de lazer, e colocará a cultura como instrumento gerador de empregos, atraindo turistas e movimentando a cidade".
Marta, atual prefeita, afirma que continuará a investir na Coordenadoria da Juventude, com eventos e projetos de hip hop, grafite, rock, música eletrônica e skate e que investirá na "recuperação e revitalização de parques, praças, áreas de lazer, teatros distritais e edifícios de importância histórica, criando novas opções de lazer e convivência". Já Maluf diz que o jovem inserido no mercado de trabalho é uma prioridade nos seus planos, tanto para quem concluiu os estudos como para quem não terminou. "O jovem, na maioria das vezes, quando não consegue onde trabalhar, acaba encontrando outros caminhos mais sedutores, mas fora da lei, para viver."
Já Erundina vê o jovem engajado e politizado. "Pretendemos mobilizá-los para a reflexão e discussão do Estatuto da Criança e do Adolescente, incentivando ainda debates de políticas de gênero e sexualidade, problemas de drogas e alcoolismo, divulgar e defender seus direitos."

Como pretende solucionar o problema do primeiro emprego para os jovens?

SERRA - A Prefeitura vai fazer parceria com o Estado para ampliar o programa estadual Jovem Cidadão, no qual o governo estadual oferece estágio remunerado para estudantes da escola pública. Para incentivar as empresas a contratar jovens, o governo paga metade do estágio. Com a participação da prefeitura, vai crescer ainda mais.

MARTA - Dezenas de milhares de jovens já contam com programas sociais que evitam que ele abandone a escola. Esses programas serão ampliados. O Bolsa-Trabalho, por exemplo, além de garantir renda mensal para quem ainda cursa o ensino médio, garante para quem já concluiu essa etapa de ensino a capacitação profissional.

MALUF - A idéia é criar subsídios destinados às empresas que criem vagas para os jovens, em todas as faixas da população. Justamente sem demitir empregados que já trabalhem nessas empresas só para absorver a mão-de-obra que está chegando ao mercado. Os subsídios, é claro, serão proporcionais a cada vaga de trabalho criada.

ERUNDINA - A prefeitura integrará cursos técnicos e profissionalizantes nas escolas de ensino fundamental e médio com políticas para o primeiro emprego. Conceder incentivos fiscais para empresas que ofereçam vagas para a juventude iniciar sua vida, tudo controlado, analisado e balanceado para não tirar emprego de adultos.

Pretende mudar o horário de funcionamento de bares e casas noturnas? Permitirá o consumo de álcool nas calçadas?

SERRA - Por um lado, é inegável que, em locais onde foi adotada a restrição de horários para funcionamento de bares, houve redução dos números de homicídios. Por outro, o funcionamento 24 horas da cidade é importante para estimular o turismo e oferecer opções de divertimento para os jovens. As decisões não podem ser tomadas de forma indiscriminada e igual. Se for constatado que, em algumas regiões, o número de homicídios está ligado ao alcoolismo, então os bares naqueles pontos podem sofrer restrições de horário. Mas é preciso usar o bom senso. Em áreas da cidade onde o importante é a diversão noturna, é necessário haver mais flexibilidade.

MARTA - Não se pode impedir os jovens de terem acesso à diversão, por isso não pensamos em mudar o horário de funcionamento de bares e casas noturnas. O que queremos fazer é melhorar ainda mais a fiscalização para que as pessoas possam se divertir sem impedir os vizinhos de dormirem em paz. Há leis para garantir o funcionamento dos bares e casas noturnas de forma a não incomodar quem mora perto. Acredito que a prefeitura precisa garantir as liberdades individuais de todos os cidadãos. Quanto ao consumo de álcool nas calçadas, não há lei que proíba isso, e cabe à polícia coibir qualquer problema ocasionado por quem bebeu demais ou não.

MALUF - O horário de funcionamento de casas noturnas depende de vários fatores. Do tipo de casa noturna, de em que áreas da cidade elas estão estabelecidas, do cumprimento daquilo que está estabelecido na lei. É um assunto para ser viabilizado depois da posse do prefeito. Uma coisa porém é certa: a fiscalização dos estabelecimentos que os jovens freqüentam será rigorosa e exemplar. Estabelecimentos que sirvam álcool nas calçadas, nem pensar.

ERUNDINA - Combater a violência não é apenas uma questão de estabelecer horário de bares e casas noturnas. Aliás, já existe legislação sobre isso, que pretendemos fiscalizar e fazer cumprir, coibindo o consumo de álcool por menores, seja em ambientes fechados ou nas ruas. Nossa ação contra a violência urbana será baseada no Sistema Integrado de Segurança que pretendemos implantar, com unificação de esforços da PM, policiais civis, guardas metropolitanos e segurança privada. Nossa atuação será intersecretarial, construindo-se programas que tratem a violência e a criminalidade de forma multifocal e multicausal. A prioridade será o atendimento junto à família.

Há no seu programa de governo a criação de campanhas de orientação quanto a consumo de drogas, bebidas alcoólicas e sobre a sexualidade?

SERRA - Darei especial atenção à prevenção, sobretudo quanto a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs, o que inclui Aids), e a programas de prevenção de gravidez precoce. Além desses, também a programas de apoio e prevenção ao uso de drogas. Vale lembrar a batalha no combate ao tabagismo, com a proibição de apelos publicitários, e advertências quanto aos prejuízos do fumo. Esses programas serão conduzidos em parceria com universidades, redes públicas de saúde e ONGs que trabalham com juventude para que os próprios jovens sejam protagonistas, colaborem com sugestões e ajudem a divulgar as idéias entre colegas e amigos.

MARTA - As campanhas já existem e são conduzidas pelas secretarias de Saúde, Educação e pela Coordenadoria da Juventude. Daremos continuidade a elas numa próxima gestão. Por exemplo, a campanha de conscientização contra o vírus da Aids e as doenças sexualmente transmissíveis deram muito resultado. Os casos de HIV diminuíram 17%. A distribuição de preservativos aumentou de 1 milhão, em 2001, para 10 milhões, em 2003. Houve treinamento de médicos e obstetras para lidarem com os casos de pessoas infectadas. Também foi feito programa de planejamento familiar, disponibilizando métodos contraceptivos em toda a rede básica de saúde.

MALUF - Campanhas contra drogas, bebidas alcóolicas e sobre sexualidade sempre serão feitas. Mas campanhas, mesmo em grande quantidade, servem apenas para enriquecer publicitários. É preciso ir adiante. Não adianta apenas desejar que os jovens não façam sexo. Isso é como o avestruz, que enterra a cabeça no chão para não ver o que se passa em volta. É melhor prevenir, explicando aos jovens as precauções que devem ser tomadas, no sentido de que o sexo seja feito com segurança, não apenas para impedir gravidez indesejável mas também doenças perigosas ou mortais, como a Aids. Enfim, com os jovens, sem trocadilho, não adianta pensar velho.

ERUNDINA - Pretendemos implantar programas nesse sentido junto à rede municipal de ensino, dentro do currículo do processo educacional, tratando também das questões de doenças sexualmente transmissíveis. É importante estabelecer também parcerias com grêmios estudantis, associação de bairros e escolas em geral, promover atividades culturais, teatro e discussões em torno dessa temática, criando ainda centros de recuperação e orientação. O importante é fazer com que o jovem não se sinta abandonado.

Texto Anterior: 02 neurônio: Questionário para o amor
Próximo Texto: Música: Cinqüenta centavos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.