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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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Português e matemática são problemáticos para a maioria dos alunos

Avaliação da educação básica desnuda a carência do ensino

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A maioria dos alunos brasileiros que conseguem chegar à 8ª série ou ao último ano do ensino médio é incapaz de interpretar um texto de jornal ou uma poesia mais complexa. Além disso, não consegue resolver problemas matemáticos com duas incógnitas ou desenvolver operações com figuras geométricas.
Isso, traduzido em números, significa que 64,76% dos alunos da 8ª série e 52,54% dos que estão no último ano do ensino médio ficaram no nível "intermediário" de conhecimento em língua portuguesa. Quando se trata de matemática, a situação é pior: 51,71% dos estudantes da 8ª série e 62,6% dos que cursam o 3º ano do ensino médio estão na categoria "crítica" -um degrau abaixo.
Esses dados são parte de uma nova análise feita com base nos números do Saeb 2001. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, feito a cada dois anos, é considerado o mais importante exame do Ministério da Educação para avaliar a qualidade da educação. Participam alunos da 4ª e da 8ª série, além dos do 3º ano do ensino médio.
Englobando escolas públicas e particulares, o Saeb mostra não só diferenças regionais -que colocam o Norte e o Nordeste como as regiões com pior qualidade de ensino- como sociais. Dos estudantes na 8ª série que se encaixam no conceito "muito crítico", 98% estão na rede pública e 48% declararam que trabalham. Por outro lado, entre os que tem uma formação considerada "adequada" para a série, 60% estudam em escolas particulares e apenas 7% trabalham.
Na semana passada, em discurso sobre educação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que uma pessoa que nasce em local com "guia, sarjeta e asfalto não tem a dimensão do valor do asfalto numa periferia, quando o trabalhador precisa sair descalço, pisando em barro vermelho para pegar o ônibus". "Quando coloca uma simples guia, aquilo vira um milagre", afirmou Lula em solenidade na Confederação Nacional da Indústria, ao lado do ministro Cristovam Buarque (Educação).
A frase do presidente pode ser adaptada ao ensino. Um jovem que acessa a internet em casa, vai ao cinema e pode comprar histórias em quadrinhos, não deve ter a dimensão do valor da leitura de um simples bilhete para uma criança com dificuldade de aprendizado.
Colocar as crianças na escola, fazer com que elas aprendam de verdade, distribuir livros e alimentação adequada podem virar "um milagre". É quase isso que o governo Lula terá de fazer para conseguir chegar à "escola ideal". Divulgada por Cristovam, prevê, entre outros, professor motivado e toda criança alfabetizada até os dez anos de idade até 2006.


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