São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

sexo e saúde

Com medo do ginecologista

JAIRO BOUER
"Tenho 15 anos, sou virgem e há mais de dois anos tenho um corrimento de cor amarelada, com um cheiro desagradável. Minha mãe, ao lavar minha calcinha, falou que preciso ir ao ginecologista. Na hora, gelei! Tenho medo e muita vergonha. E o risco de abuso sexual no consultório? E se minha mãe quiser entrar comigo? A doença pode sarar sozinha?"

Dúvidas de uma garota que precisa cuidar melhor da própria saúde. Aliás, a gente sabe que tem muita gente (inclusive pessoas mais velhas) que adiam a visita ao médico por não encarar o medo e a vergonha de uma consulta.
Mas vamos aos fatos: mesmo sem ter relações sexuais, as meninas podem ter um corrimento. Isso acontece porque muitos organismos causadores de infecção moram no próprio organismo da gente. Por causa de algumas situações, como queda da imunidade, uso de roupa molhada ou higiene inadequada, pode haver o crescimento de um desses agentes, provocando uma infecção, por exemplo, na vagina.
Se você está com um corrimento há mais de dois anos, é pouco provável que ele passe espontaneamente, do dia para a noite. A visita ao ginecologista é mesmo fundamental para que ele identifique a causa do corrimento e use o tratamento mais adequado.
O ginecologista é um profissional treinado para o contato com as pacientes, mesmo com as adolescentes, que têm mesmo mais medo e vergonha. Se você é virgem, ele não vai fazer o exame de toque e vai tomar muito cuidado quando está realizando a avaliação. Pode ser que ele queira colher um pouco do material do corrimento para análise laboratorial.
Quanto ao receio do abuso sexual, vamos esclarecer alguns pontos. A maioria absoluta dos médicos recebeu formação cuidadosa, são éticos e não teriam esse tipo de comportamento. Um ou outro caso que aparece e é relatado não traduz o comportamento da imensa maioria dos profissionais. Peça a ajuda da sua mãe, de uma amiga ou de um parente próximo para a indicação de um ginecologista (homem ou mulher, com quem você se sentir mais à vontade) em quem você possa confiar.
Sua mãe não precisa entrar na sala com você, a menos que dessa forma você se sinta mais confiante. Em geral, os médicos têm uma assistente ou uma enfermeira que fica na sala no momento do exame. Não adie essa visita e vença todas essas inibições. Certo?
Em tempo, os garotos, muitas vezes, ficam sem um médico específico para conversar quando entram na adolescência. Saem do pediatra e ficam sem assistência, ao contrário das meninas que passam a freqüentar o consultório do ginecologista. Fica aqui a dica: hebiatras (especialistas em adolescentes) e urologistas são boas alternativas.

jbouer@uol.com.br


Texto Anterior: Cartas
Próximo Texto: Política: Bagunça na construção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.