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NATAÇÃO
Brasileiros dão duro para tentar bater o campeão americano
Phelps na mira
Divulgação
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O brasileiro Kaio Márcio durante o troféu Julio de Lamare, em dezembro de 2005 |
DA REPORTAGEM LOCAL
Vencer Michael Phelps é uma meta
espinhosa, dessas que poucos atletas ousam traçar. Mas, no Brasil,
dois jovens nadadores com trajetórias premiadas podem incomodar o norte-americano nos principais torneios de 2006.
Kaio Márcio, um recatado paraibano de
21 anos, é o mais audacioso. Em dezembro,
ele quebrou o recorde mundial dos 50 m
borboleta em piscina curta (25 m). Nadou a
distância em 22s60 e ganhou moral para
prometer vôos mais altos no Mundial de
Xangai, programado para abril.
"A briga por medalhas nas provas de borboleta na China será boa. Consegui ótimos
resultados nos últimos torneios e acho que
tenho condições de duelar com o Phelps e
outros atletas de elite", diz.
A metodologia que o nadador brasileiro
usa para brilhar na piscina é curiosa. Kaio
não gosta de tomar vitaminas sintéticas, receita que Phelps sempre abraçou. Ele prefere um caldo de cana após os treinos para repor as energias.
Dono de sete medalhas de ouro em eventos recentes da Copa do Mundo -a última,
conquistada em 17 de janeiro, arrancou
elogios até do presidente Lula-, o paraibano decidiu não procurar espaço em clubes
nos grandes centros do Brasil ou no exterior. Kaio ainda vive em João Pessoa, onde
aprendeu a nadar aos nove anos.
"Tenho tudo o que preciso aqui e me sinto muito bem. Não vejo necessidade de
mudar", afirma. Surfista nas horas vagas e
fã de música eletrônica, ele concilia os treinos com duas faculdades -psicologia e
educação física. "Mas no último semestre
tive que trancar as duas", conta.
Trata-se de um caminho diferente do trilhado por Thiago Pereira, 20 anos completos na última quinta-feira. Ao lado de Joanna Maranhão, foi o nadador que obteve o
melhor resultado do país na Olimpíada de
Atenas -acabou em quinto lugar nos 200
m medley, sua especialidade.
Carioca de Volta Redonda, ele decidiu
abandonar o Minas Tênis Clube e treinar
nos EUA em 2005. Pereira já encontrou
Phelps em duas oportunidades. Na Grécia,
em 2004, após nadarem a final olímpica
dos 200 m medley, trocaram um aperto de
mão. O norte-americano havia vencido.
Dois meses depois, estavam frente a frente de novo no Mundial de Indianápolis. Só
que Pereira dessa vez saiu em vantagem.
Com uma contusão nas costas, Phelps
abandonou o torneio. O brasileiro aproveitou a chance e pendurou no peito a medalha de ouro nos 200 m medley. Na época,
arrancou até elogios do americano. "Nunca
falei muito sobre ele, mas, pelos resultados
que tem mostrado, isso vai mudar um pouco. Certamente vamos nos encontrar mais
no futuro", disse Phelps.
No ano passado, Pereira machucou o joelho jogando bola e ficou quatro meses longe das piscinas. Já recuperado, busca retomar sua ascensão no Mundial de Xangai.
(GUILHERME ROSEGUINI)
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