São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NATAÇÃO

Brasileiros dão duro para tentar bater o campeão americano

Phelps na mira

Divulgação
O brasileiro Kaio Márcio durante o troféu Julio de Lamare, em dezembro de 2005


DA REPORTAGEM LOCAL

Vencer Michael Phelps é uma meta espinhosa, dessas que poucos atletas ousam traçar. Mas, no Brasil, dois jovens nadadores com trajetórias premiadas podem incomodar o norte-americano nos principais torneios de 2006.
Kaio Márcio, um recatado paraibano de 21 anos, é o mais audacioso. Em dezembro, ele quebrou o recorde mundial dos 50 m borboleta em piscina curta (25 m). Nadou a distância em 22s60 e ganhou moral para prometer vôos mais altos no Mundial de Xangai, programado para abril.
"A briga por medalhas nas provas de borboleta na China será boa. Consegui ótimos resultados nos últimos torneios e acho que tenho condições de duelar com o Phelps e outros atletas de elite", diz.
A metodologia que o nadador brasileiro usa para brilhar na piscina é curiosa. Kaio não gosta de tomar vitaminas sintéticas, receita que Phelps sempre abraçou. Ele prefere um caldo de cana após os treinos para repor as energias.
Dono de sete medalhas de ouro em eventos recentes da Copa do Mundo -a última, conquistada em 17 de janeiro, arrancou elogios até do presidente Lula-, o paraibano decidiu não procurar espaço em clubes nos grandes centros do Brasil ou no exterior. Kaio ainda vive em João Pessoa, onde aprendeu a nadar aos nove anos.
"Tenho tudo o que preciso aqui e me sinto muito bem. Não vejo necessidade de mudar", afirma. Surfista nas horas vagas e fã de música eletrônica, ele concilia os treinos com duas faculdades -psicologia e educação física. "Mas no último semestre tive que trancar as duas", conta.
Trata-se de um caminho diferente do trilhado por Thiago Pereira, 20 anos completos na última quinta-feira. Ao lado de Joanna Maranhão, foi o nadador que obteve o melhor resultado do país na Olimpíada de Atenas -acabou em quinto lugar nos 200 m medley, sua especialidade.
Carioca de Volta Redonda, ele decidiu abandonar o Minas Tênis Clube e treinar nos EUA em 2005. Pereira já encontrou Phelps em duas oportunidades. Na Grécia, em 2004, após nadarem a final olímpica dos 200 m medley, trocaram um aperto de mão. O norte-americano havia vencido.
Dois meses depois, estavam frente a frente de novo no Mundial de Indianápolis. Só que Pereira dessa vez saiu em vantagem.
Com uma contusão nas costas, Phelps abandonou o torneio. O brasileiro aproveitou a chance e pendurou no peito a medalha de ouro nos 200 m medley. Na época, arrancou até elogios do americano. "Nunca falei muito sobre ele, mas, pelos resultados que tem mostrado, isso vai mudar um pouco. Certamente vamos nos encontrar mais no futuro", disse Phelps.
No ano passado, Pereira machucou o joelho jogando bola e ficou quatro meses longe das piscinas. Já recuperado, busca retomar sua ascensão no Mundial de Xangai. (GUILHERME ROSEGUINI)


Texto Anterior: Astro curte rap e faz super-refeição
Próximo Texto: O2 neurônio: O bilhete da sorte
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.