São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

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SEXO & SAÚDE

Carnaval também é para pensar

O Carnaval está aí. Bailes, festas, álcool e sexo passam a ser o objetivo de milhões de brasileiros. É quase uma tradição cultural que esses dias sejam mais permissivos e tolerantes com relação ao comportamento das pessoas.
Não é à toa que homem pode se vestir de mulher, que as pessoas podem beber até cair, que o sexo seja um convite permanente e que eventuais "deslizes" do parceiro ou da parceira sejam mais tolerados (afinal, era Carnaval!). Muita gente faz questão de desligar o botão do "cuide-se".
O outro lado da festa, os problemas que aparecem quando os cuidados são deixados de lado, ocupam as delegacias, grupos de resgate e prontos-socorros, acabando com a alegria das famílias.
Desde praticamente o início da epidemia da Aids, nos anos 80, as autoridades de saúde lançam, todos os anos, uma campanha para lembrar a importância da camisinha. Muita gente, na onda de que no Carnaval pode tudo, esquece da proteção e se coloca em situação de risco. Isso sem falar nos milhares de gestações não planejadas que começam na festa.
Outra preocupação são os acidentes, brigas e mortes violentas que acontecem por causa de uma substância: o álcool. A bebida, para muita, gente é o passaporte para as festas. Sem beber, as pessoas não conseguem imaginar a festa. E beber, entenda-se aqui, não é apenas para ficar mais alegrinho. No Carnaval, beber está associado ao clima geral da festa. Tem que beber muito e ficar maluco.
Dessa forma, o carro passa a ser um inimigo, a pessoa que esbarra em você passa ser um oponente, o cara que olha para sua namorada passa a ser um alvo, a menina ou o cara que você acabou de conhecer (e com quem você não vai usar camisinha) passa a ser um perigo, o lança, o doce, o "E", a droga que aparece na sua frente passa a ser uma tentação incontrolável. Tudo isso, porque o álcool afeta sua capacidade de avaliar e calcular riscos.
E, nesse clima, muita gente faz um monte de bobagem. Todo ano, a coluna volta a bater nas mesmas teclas na véspera do Carnaval: "Use camisinha e beba com moderação". Mas a gente sabe que só isso não resolve.
Neste ano, vamos avançar um pouquinho. Vou propor que você PENSE no que está fazendo. Pensar não vai estragar sua festa. Pense antes dos problemas acontecerem. Aliás, pense e fique de olho para que as idéias sejam transformadas em práticas. Talvez isso até deixe você mais tranqüilo para curtir o Carnaval.


Jairo Bouer, 38 anos, é médico @ - jbouer@uol.com.br

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