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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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Em países vizinhos, medo é comum

DA REPORTAGEM LOCAL

Não são apenas os iraquianos que sofrem com os ataques anglo-americanos ao país. Quem mora em países vizinhos ao Iraque vive também a tensão de se tornar um possível alvo.
Na semana passada, o Folhateen conversou por e-mail com quatro jovens que moram no Kuait e na Turquia. Os três entrevistados no Kuait defenderam a ofensiva de Bush e Blair. A voz dissidente veio da Turquia.
Aysegul Gunay, 21, é uma estudante de música que mora em Istambul. Para ela, "é incrível que ainda existam guerras num mundo globalizado. Todos os jovens que estão mais próximos de mim são contra o ataque", conta Aysegul que também diz estar feliz por seu governo não ter apoiado os EUA.
Aysegul diz que pouco mudou em sua rotina, a não ser o fato de ter mais guerra na TV e de ela evitar lugares mais populosos, como shoppings.
No Kuait a situação é bem diferente. "Com certeza, eu tenho medo dos mísseis que o Iraque tem lançado contra o Kuait. Tive uma experiência aterrorizante quando um Scud passou por cima da minha casa", conta a estudante de origem palestina Liane G., 15. Mesmo assim ela diz que tenta levar uma vida normal, indo à casa dos amigos, ao supermercado e fazendo visitas a sua avó.
O estudante Patrick Makhoul, 17, também teme os ataques, mas diz que já se acostumou. "Quando soaram as sirenes, e o Iraque começou a lançar Scuds contra nós, fiquei um pouco preocupado, mas, depois, você se acostuma, isso se torna parte do seu dia-a-dia."
Mesmo assim, ele toma alguns cuidados antes de ir à casa dos amigos para andar de skate ou para ouvir System of Down e Nine Inch Nails, duas de suas bandas preferidas. "Tenho o cabelo descolorido e não tem muita gente assim no Kuait. Então, para sair, eu ponho um chapéu. Sei que não adianta muito, mas meus pais acham que isso torna mais difícil eu ser alvo de um ataque terrorista."
O terceiro jovem com quem o Folhateen falou, um libanês de 24 anos que deixou seu país por razões políticas, deu depoimento mais radical. "Sou totalmente a favor da guerra e espero que ela não termine por aí. Gostaria que a Síria e o Irã fossem os próximos na lista dos EUA. Esses dois países são uma ameaça maior ao mundo do que o Iraque." (GUILHERME WERNECK)

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