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Em países vizinhos, medo é comum
DA REPORTAGEM LOCAL
Não são apenas os iraquianos que
sofrem com os ataques anglo-americanos ao país. Quem mora em países vizinhos ao Iraque
vive também a tensão de se
tornar um possível alvo.
Na semana passada, o
Folhateen conversou
por e-mail com quatro
jovens que moram
no Kuait e na Turquia. Os três entrevistados no Kuait
defenderam a
ofensiva de
Bush e Blair. A
voz dissidente
veio da Turquia.
Aysegul
Gunay, 21, é
uma estudante de música que mora em Istambul.
Para ela, "é incrível que ainda existam
guerras num mundo globalizado. Todos
os jovens que estão mais próximos de
mim são contra o ataque", conta Aysegul
que também diz estar feliz por seu governo não ter apoiado os EUA.
Aysegul diz que pouco mudou em sua
rotina, a não ser o fato de ter mais guerra
na TV e de ela evitar lugares mais populosos, como shoppings.
No Kuait a situação é bem diferente.
"Com certeza, eu tenho medo dos mísseis que o Iraque tem lançado contra o
Kuait. Tive uma experiência aterrorizante quando um Scud passou por cima da
minha casa", conta a estudante de origem palestina Liane G., 15. Mesmo assim
ela diz que tenta levar uma vida normal,
indo à casa dos amigos, ao supermercado e fazendo visitas a sua avó.
O estudante Patrick Makhoul, 17, também teme os ataques, mas diz que já se
acostumou. "Quando soaram as sirenes,
e o Iraque começou a lançar Scuds contra nós, fiquei um pouco preocupado,
mas, depois, você se acostuma, isso se
torna parte do seu dia-a-dia."
Mesmo assim, ele toma alguns cuidados antes de ir à casa dos amigos para andar de skate ou para ouvir System of
Down e Nine Inch Nails, duas de suas
bandas preferidas. "Tenho o cabelo descolorido e não tem muita gente assim no
Kuait. Então, para sair, eu ponho um
chapéu. Sei que não adianta muito, mas
meus pais acham que isso torna mais difícil eu ser alvo de um ataque terrorista."
O terceiro jovem com quem o Folhateen falou, um libanês de 24 anos que
deixou seu país por razões políticas, deu
depoimento mais radical. "Sou totalmente a favor da guerra e espero que ela
não termine por aí. Gostaria que a Síria e
o Irã fossem os próximos na lista dos
EUA. Esses dois países são uma ameaça
maior ao mundo do que o Iraque."
(GUILHERME WERNECK)
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