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FOLHATEEN EXPLICA
Iraquianos e anglo-americanos atropelam a etiqueta do combate
Guerra acumula supostas violações às Convenções de Genebra
OTÁVIO DIAS
DA REDAÇÃO
Já começa a ficar longa a lista de possíveis
violações às Convenções de Genebra nos
primeiros dez dias de guerra no Iraque.
Do lado iraquiano:
1) a exibição em close de prisioneiros de
guerra americanos
sendo entrevistados
pela TV iraquiana;
2) soldados iraquianos estariam fingindo se render para
atacar as forças anglo-americanas; 3)
tropas do Iraque estariam lutando sem
uniforme, confundindo-se com a população civil.
Do lado anglo-americano: 1) o bombardeio
à TV iraquiana, uma organização civil, sob o
argumento de que ela serviria à propaganda
iraquiana; 2) as mortes de ao menos 15 civis
no bombardeio de uma rua comercial de Bagdá; 3) o ataque a um ônibus que transportava
trabalhadores sírios em fuga do Iraque.
Guerra é guerra, mas, a partir de 1949, as
Convenções de Genebra buscam definir como comandantes e soldados devem agir. E
proteger direitos básicos das populações e das
tropas envolvidas.
Entre outras coisas, os tratados determinam
que os prisioneiros de guerra sejam tratados
de forma humana. Não podem ser humilhados, torturados, expostos à "curiosidade pública". Devem receber tratamento médico,
comida, roupas e abrigo semelhantes aos de
seus captores. E não podem seguir detidos encerrado o conflito, a não ser que sejam adequadamente julgados.
Os EUA têm sido criticados pelo tratamento
destinado a mais de 650 homens de cerca de
40 nacionalidades aprisionados durante a
guerra no Afeganistão (iniciada após os atentados de 11 de setembro e que se estende até
hoje, mas com menos intensidade).
Eles estão detidos, em total isolamento, na
base militar americana de Guantánamo, em
Cuba, em muitos casos há mais de um ano.
Estão presos sem que se saiba exatamente por
quê e por quanto tempo. Segundo ONGs de
direitos humanos, suas garantias enquanto
prisioneiros de guerra estão sendo violadas.
Embora garantam que os prisioneiros estão
em boas condições, os EUA insistem que eles
não são prisioneiros de guerra porque não integram o Exército regular de um país (o Afeganistão). Seriam ligados à rede Al Qaeda,
responsável pelos ataques contra o World
Trade Center e o Pentágono, e, se libertados,
representariam grave ameaça aos EUA.
Como se pode ver, as Convenções de Genebra são uma iniciativa louvável de proteger os
direitos humanos mesmo em tempos de
guerra. Mas o que acontece quando os países
as desrespeitam? Em geral, não muita coisa.
Mas há exceções. Após a 2ª Guerra, líderes nazistas e fascistas foram processados pela corte
de Nurembergue. No momento, há um tribunal em funcionamento para julgar crimes
ocorridos durante as guerras na ex-Iugoslávia
(anos 90) e outro para julgar os responsáveis
pelo genocídio em Ruanda (1994).
Até há pouco não havia uma corte permanente para julgar crimes de guerra e contra a
humanidade. Em 2002, foi criado o Tribunal
Penal Internacional, sediado em Haia (Holanda). Mas nem todos os países aceitaram participar do novo tribunal. Os EUA, por exemplo,
se negaram. Mas isso é uma outra história,
que fica para uma outra vez.
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