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NA ESTRADA
Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br
Rockstar fracassada vira repórter musical
Escrevo para falar do que me excita e do que me decepciona. Para realizar algum tipo de desconstrução. Desconstruir não é desmontar, é aprender a
ler ou ouvir novamente. Hoje, como prometi na primeira semana, vamos abandonar a objetividade e desconstruir a autora do texto.
Tudo que essa menina escreve sobre música parte de
pretextos, imprevistos e alianças. Um pretexto para
conversar com Marilyn Manson, um imprevisto que a
põe na linha com o Simple Plan, a aliança que tem com
um dos New York Dolls. É o trabalho dos sonhos de
muitos, mas, para ela, é uma paixão acorrentada a uma
frustração.
Mayra quebrou uma guitarra aos 13 anos de idade e
todos acharam que sabiam o que vinha pela frente. Ela
vivia escrevendo letras revoltadas. Quando perguntavam o que queria ser quando crescesse, ela respondia:
"Rockstar!".
Na sétima série, inscreveu-se no Show de Talentos
anual da escola -uma bela oportunidade de mostrar para os meninos mais velhos e descolados que ela era tão
"cool" quanto eles. No dia do show, apesar do nervosismo, sentiu-se pronta para tocar e cantar. Um dos meninos se aproximou: "Uma Les Paul! Me empresta quando
eu for?".
Era uma chance de se enturmar, então ela entregou a
guitarra e esperou sua vez. Quando subiu no palco, um
raio atingiu o auditório. O menino havia mudado a afinação e, sem passar o som, Mayra encontrou-se paralisada, fazendo somente barulho para mil pessoas. Continuou cantando, quis vomitar. Terminou a música.
Assim que saiu do palco, quebrou a guitarra. Nunca
mais teve coragem de tocar na frente de ninguém. Virou
escritora.
O papel se tornou seu instrumento. Ao virar repórter
musical, Mayra fez-se presente no mundo que sempre
desejou. Atrás do palco, com um caderninho, como uma
back-up singer que não chegou ao microfone principal.
Então, com curiosidade, ela encerra o texto de hoje
perguntando: e você, leitor, se transformou no que sempre sonhou ser?
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