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MATEMÁTICA
A matemática do Cristo Redentor
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Johann Müller (1436-1476),
mais conhecido na história da
matemática como Regiomontano, foi um dos maiores matemáticos do século 15, tendo realizado
inúmeros estudos em astronomia, geometria e trigonometria.
Consta na história que Cristóvão
Colombo, em sua quarta viagem
ao novo mundo, usou uma tabela
elaborada por Regiomontano
com as posições diárias do Sol, da
Lua e dos planetas para prever o
eclipse lunar de 1504. Na ocasião,
Colombo fez uso da previsão para
assustar e intimidar os nativos
que se recusavam a dar água e comida à sua tripulação.
Alguns historiadores especulam
que, se Regiomontano não tivesse
morrido tão cedo, talvez pudesse
ter realizado uma moderna compreensão do Sistema Solar, como
aquela feita cem anos depois por
Copérnico.
Entre os problemas trigonométricos estudados por Regiomontano, destacamos um de 1471 devido à aplicação prática que decorre do seu resultado.
Tomando como referência a figura acima, suponha inicialmente
uma estátua de altura h sob um
pedestal de altura p. Um homem
de altura m °° enxerga a estátua, do pé ao topo, por um ângulo
, que varia de acordo com a distância d entre o homem e a base
do pedestal. Nessas condições, o
problema de Regiomontano consiste em determinar a distância d
para que o ângulo de visão seja
o maior possível. Pode-se demonstrar que essa distância é dada pela fórmula °.
O resultado de Regiomontano
permite-nos, por exemplo, determinar a distância ideal a que nos
devemos posicionar da base da
estátua do Cristo Redentor, no
Rio, para que o ângulo de visão
seja o maior possível. Como a estátua do Cristo mede 30 metros, e
seu pedestal, oito metros, temos
que °. Para um
observador de 1,70 m de altura, a
distância ideal será aproximadamente 15 metros.
José Luiz Pastore Mello é licenciado
em matemática e mestrando em educação pela USP.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
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