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FÍSICA
A resistência do ar e a velocidade-limite
PAULO TARSO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Todos sabemos que os fluidos
(líquidos ou gases) oferecem
uma resistência ao movimento de
um objeto no seu interior. O estudo dessa força resistente tem importância em projetos aerodinâmicos de aviões e automóveis, no
lançamento de projéteis e até
mesmo no salto de pára-quedas.
A experiência mostra que a força de resistência do ar (FAR) é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade (V) do corpo em
relação ao fluido e pode ser calculada pela expressão FAR=k.V2, em
que k é uma constante que depende da densidade e da temperatura
do ar, da forma e da maior área de
secção transversal do corpo perpendicular à direção do movimento (quanto maior essa área,
maior o valor de k).
Leonardo da Vinci inventou o
pára-quedas em 1495, mas somente em 1800 os primeiros saltos foram realizados. No salto, o
pára-quedista é inicialmente acelerado durante um certo intervalo
de tempo e, dependendo da altitude, pode atingir uma velocidade
de 150 km/h a 200 km/h. Com o
aumento da velocidade, a resistência do ar também aumenta.
Quando o pára-quedas é aberto,
devido ao aumento da área, o
conjunto pára-quedas + pára-quedista sofre uma desaceleração,
pois a força de resistência do ar
torna-se maior do que o peso.
O pára-quedista passa a cair em
movimento desacelerado até o
instante em que a intensidade da
força de resistência do ar se torna
igual ao peso do conjunto. A partir daí, o movimento passa a ser
uniforme, e a velocidade constante de queda é denominada velocidade-limite, da ordem de 25 km/
h, bem menor do que a atingida
com o pára-quedas fechado.
Uma questão do vestibular de
2002 da PUC explorou o assunto
ao afirmar que, normalmente,
quando andamos na chuva, as gotas que caem não nos machucam.
Isso ocorre porque as gotas não
estão em queda livre, mas sujeitas
a um movimento no qual a resistência do ar não pode ser desconsiderada. Como as gotas têm, em
geral, pequena massa e baixa velocidade limite -em média, 18
km/h (5 m/s)-, o impacto não
nos causa sensação dolorosa.
A prova solicitava ao candidato
que calculasse quantas vezes a velocidade de uma gota em queda livre, ao se desprender de uma nuvem a 1.280 m de altura, seria
maior do que a velocidade-limite.
Como a velocidade com que um
corpo em queda livre abandonado de uma altura H atinge o solo é
determinada por
em que g=10m/s2, podemos concluir que a velocidade da gota seria 32 vezes a velocidade-limite.
Tarso Paulo Rodrigues é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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