São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003
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FÍSICA

A óptica da visão - 1

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A luz emitida ou refletida pelos objetos que nos rodeiam realiza uma viagem através do olho até ser percebida sobre a retina, onde as imagens se formam.
Nessa viagem até o fundo do olho, cujo trajeto tem aproximadamente dois centímetros, o feixe luminoso sofre seu primeiro desvio ao passar do ar para a córnea, que é a membrana transparente feita de várias camadas à frente do olho. Sua velocidade diminui e o feixe segue para atravessar o humor aquoso, um líquido transparente, no qual sofre nova refração. Antes de penetrar na parte interna do olho, passa pelo conjunto que controla sua entrada e quantidade.
A íris é a parte colorida do globo ocular e possui um orifício central, a pupila, de diâmetro variável, através da qual a luz externa tem sua intensidade controlada. Quando, por exemplo, estamos expostos ao sol, a pupila se contrai, deixando passar pouca luz; em ambientes escuros, ela aumenta de tamanho para permitir a entrada do máximo de luminosidade. Após deixar a pupila, já na parte interna do olho, o feixe incidente se refrata mais uma vez no cristalino, uma incrível lente convergente, flexível, do tamanho de um feijão, que realiza o ajuste fino do foco, para que as imagens se formem sempre nítidas sobre a retina. Esse processo que modifica e ajusta a distância focal do cristalino é denominado acomodação visual e se realiza com o auxílio dos músculos ciliares, que, ao se contraírem, alteram os raios de curvatura das faces biconvexas da lente. Ao emergir do cristalino, o feixe ainda atravessa todo o interior do globo.
Finalmente, após sofrer vários desvios, atravessar substâncias gelatinosas, passar por controladores de intensidade e lentes que regulam sua incidência, o feixe luminoso atinge o fundo do globo ocular, onde se projeta na retina. Nessa membrana sensível, há células fotorreceptoras, que desempenham o papel de sensores e enviam as informações recebidas ao cérebro por fibras ópticas, que formam o nervo óptico.
Para o olho normal, ou emetrope, a imagem que se forma sobre a retina é sempre nítida, real, invertida e menor do que o objeto observado. Um sistema óptico tão sensível como o olho humano também sofre alterações e imperfeições na sua estrutura, que ocasionam os defeitos da visão ou ametropias. Duas das mais comuns, a miopia e a hipermetropia, serão assunto da próxima coluna. Até lá!


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja


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