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HISTÓRIA
As interpretações da Segunda Guerra
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Existem algumas circunstâncias
da Segunda Guerra Mundial
cuja interpretação gera uma grande polêmica. Por exemplo, o seu
início.
Quais foram os fatores fundamentais para a eclosão do conflito? A resposta tradicional aponta
para a política expansionista do
eixo Alemanha, Itália e Japão e
principalmente para a política
militarista de Hitler, mesmo porque os textos didáticos sobre a
guerra foram escritos após seu
término, momento em que ninguém ousaria defender ou justificar a política externa alemã e também em que se iniciava a Guerra
Fria, sob a influência da Doutrina
Truman, ocasião em que a ninguém ocorreria atacar a política
externa dos Estados Unidos.
Dessa maneira, o papel nefasto
da política externa da Inglaterra e
da França é esquecido, assim como a aparente neutralidade norte-americana. Como o próprio
Churchill afirmou, é impossível
entender a Segunda Guerra Mundial, particularmente seus efeitos,
sem compreender a Primeira
Guerra. É por esse caminho que
percebemos mais uma vez o sentido do imperialismo.
Outro ponto polêmico: as fases
da Segunda Guerra. A maioria
dos livros didáticos a divide em
duas fases: a primeira marcada
pelo avanço alemão e a segunda,
pelo ingresso norte-americano no
conflito em dezembro de 1941.
Mas em que medida a entrada dos
Estados Unidos alterou os rumos
da guerra? Por que não considerar
a Batalha de Stalingrado como
um marco divisor?
A resposta para essa questão está relacionada ao primeiro problema levantado: a guerra é vista e
narrada do ponto de vista dos países capitalistas, no contexto da
Guerra Fria. Não há dúvida de
que o ingresso de uma grande potência na guerra a desequilibra; o
que é marcante é que, ainda em
nossos dias, exista uma significativa omissão em relação a determinados momentos da história.
Para concluir, se perguntarmos
quem dividiu a Alemanha ao final
da Segunda Guerra, a maioria responderá que foram os comunistas e que ela foi dividida em duas
partes, com um muro no meio.
Dica: procure entender a Guerra Fria como responsável pela visão americanófila que predomina
em relação à Segunda Guerra
Mundial e aos seus efeitos na Alemanha.
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - O Início do
Século"
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