São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003
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CARREIRA/MODA

Atuação do profissional vai além dos desenhos de roupa

Beto Rocha/Folha Imagem
Bianca Patolli, que faz estágio em desenvolvimento de produtos


GRADUAÇÃO PREPARA ALUNO PARA EXERCER DESDE O PROCESSO DE CRIAÇÃO ATÉ A CONFECÇÃO

LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

A graduação em moda prepara o profissional para atuar em todo o processo de criação e de confecção do vestuário. Além de poder desenhar uma nova coleção, o graduado pode trabalhar em áreas que tratam desde a escolha do tipo de fio que irá compor um tecido até o arranjo das roupas na vitrine de uma loja.
Ilana Azeneth, 26, que está concluindo o curso, atualmente trabalha no setor de malharia de uma indústria têxtil. Segundo ela, uma de suas funções é pesquisar as tendências de tecidos que serão requisitados na próxima estação. O resultado da investigação do departamento e a indicação de qual será a produção da empresa é importante, por exemplo, para que o estilista de uma confecção saiba que tipo de material terá disponível para trabalhar suas idéias.
A estudante Bianca de Cássia Patolli, 19, que está no terceiro ano do curso de negócios da moda, estagia no setor de desenvolvimento de produtos de uma companhia. A área é uma das zonas intermediárias entre a criação e a fábrica. Ou seja, o estilista desenha as idéias, o setor de desenvolvimento dá forma aos conceitos e, finalmente, a roupa é cortada e costurada. "Para uma calça jeans, devo demonstrar no papel quantos rebites devem ser colocados ou como um corte é feito."
Para Rita Andrade, coordenadora-adjunta dos cursos de moda da Anhembi Morumbi, há espaço em campos como os de gestão de negócios, onde o profissional cuidará do planejamento dos trabalhos de uma empresa, da logística da distribuição dos produtos e do controle dos estoques.
Na área de produção, atividade que realiza a apresentação de um produto, como em um desfile ou em uma vitrine de loja, também há demanda pelo profissional. "Ele pode ser um stylist, que idealiza um desfile, ou um produtor, que vai atrás do espaço que será alugado, dos cabeleireiros, das modelos etc."
Segundo Aissa Basile, coordenadora do Núcleo de Moda da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o mercado da moda vem sofrendo transformações. Ela afirma que as empresas brasileiras que lidam com roupas estão deixando de ter administração familiar, o que abre novas oportunidades para os estudantes que agora se formam em moda. No entanto, afirma Basile, entrar nesse mercado não é fácil. Para isso, o graduado precisará ampliar os seus contatos, principalmente em eventos como feiras, exposições e desfiles. "A indicação ainda é o melhor meio para conseguir um emprego."

A graduação
"Fiquei surpresa ao verificar a grade curricular do curso", diz Beatriz Perez Paschoal, 27, estudante do quarto ano de moda. Ela diz que estudava teatro e se interessou pela parte de figurino. O figurinista a convenceu a visitar uma faculdade de moda. "Pensei que o curso seria algo superficial. Mas verifiquei que era uma graduação mais ampla."
Segundo Cleusa Pires de Andrade, coordenadora do curso de moda da Unip (Universidade Paulista), em geral, essa graduação pode ser dividida em três áreas: criação, técnica e conhecimentos básicos.
No campo básico, o aluno terá matérias como matemática, português, psicologia, sociologia e metodologia de pesquisa. Na área técnica, haverá aulas de marketing, de administração e de tecnologia da confecção, entre outras. Na área de criação, o estudante terá, por exemplo, desenho, laboratório, desenvolvimento de produto e história da moda. O curso dura, em média, quatro anos.
Uma das características dessa graduação, afirma Andrade, é dar uma bagagem de informações que permitam ao profissional supervisionar ou coordenar o trabalho de outras pessoas que estão envolvidas na cadeia produtiva.
Vale ressaltar que cada escola pode privilegiar um determinado campo relacionado à moda, o que deve ser levado em conta na hora de escolher uma faculdade.



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