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Instituições pioneiras têm de enfrentar o preconceito de alunos e professores
DA REPORTAGEM LOCAL
No Brasil, quando se fala em
educação à distância, logo vêm à
mente cursos de baixa qualidade,
que vendem diplomas por correspondência. As instituições pioneiras nesse tipo de ensino no país têm o desafio de enfrentar o
preconceito tanto dos estudantes
como da própria comunidade
acadêmica.
"Em um curso à distância, eu
deixaria de ter a convivência com
os colegas e os professores. O aluno perde essa parte social, que para mim é também muito importante", afirma Edson Silva, 18, que
faz cursinho e tenta uma vaga em
medicina. O estudante pretende
fazer oito vestibulares.
Para a professora da PUC-RS e
assessora da PUC Virtual Joyce
Pernigotti, a educação à distância
requer outro formato de relação
pessoal. "O tipo de relação é diferente, mas nem por isso ela é fria
ou distante. Muitas vezes, a distância física nos faz ficar muito
mais próximos."
A dúvida em relação à qualidade dos cursos à distância é outro
argumento comum. "Não acho
que pudesse ter o mesmo nível.
Eu iria ficar me perguntando se eu
iria ser tão qualificado quanto a
pessoa que fez o curso presencial.
Além disso, mesmo que fosse um
bom curso, acho que não iria "pegar'", diz Vitor Buonavoglia, 17.
"O aluno não tem a cultura do
ensino à distância, assim como a
universidade tradicional também
não", afirma Gabriel Mário Rodrigues, reitor da Universidade
Anhembi-Morumbi, que em 2000
passou a criar disciplinas à distância para alunos em dependência.
O professor da Unicamp Eduardo Chaves diz que costuma ouvir
muitas manifestações contrárias
ou céticas dentro do próprio meio
acadêmico. "O professor, em geral, é muito conservador. Ele não
gosta de mudar sua forma de trabalhar. Já o estudante deve ver essa possibilidade com bons olhos,
principalmente aqueles de Estados distantes. A educação à distância representaria uma facilidade muito grande para eles."
Voluntário
Jardel Aparecido, 25, estudante
do segundo ano de contabilidade
e que cursa uma das duas disciplinas à distância da Unisa, diz que
se interessou pela experiência nova e pela perspectiva de que "um
dia se torne algo comum". "A praticidade também me atraiu. Posso
acessar o site do curso em um intervalo no trabalho." Ele diz que,
se outras disciplinas fossem oferecidas na versão à distância, ele se
matricularia. "Só optaria pelo curso presencial em matérias que
tivessem muito cálculo. Aí, acho que seria melhor acompanhar as
aulas com um professor." (FPS)
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