São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002
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Instituições pioneiras têm de enfrentar o preconceito de alunos e professores

DA REPORTAGEM LOCAL

No Brasil, quando se fala em educação à distância, logo vêm à mente cursos de baixa qualidade, que vendem diplomas por correspondência. As instituições pioneiras nesse tipo de ensino no país têm o desafio de enfrentar o preconceito tanto dos estudantes como da própria comunidade acadêmica.
"Em um curso à distância, eu deixaria de ter a convivência com os colegas e os professores. O aluno perde essa parte social, que para mim é também muito importante", afirma Edson Silva, 18, que faz cursinho e tenta uma vaga em medicina. O estudante pretende fazer oito vestibulares.
Para a professora da PUC-RS e assessora da PUC Virtual Joyce Pernigotti, a educação à distância requer outro formato de relação pessoal. "O tipo de relação é diferente, mas nem por isso ela é fria ou distante. Muitas vezes, a distância física nos faz ficar muito mais próximos."
A dúvida em relação à qualidade dos cursos à distância é outro argumento comum. "Não acho que pudesse ter o mesmo nível. Eu iria ficar me perguntando se eu iria ser tão qualificado quanto a pessoa que fez o curso presencial. Além disso, mesmo que fosse um bom curso, acho que não iria "pegar'", diz Vitor Buonavoglia, 17.
"O aluno não tem a cultura do ensino à distância, assim como a universidade tradicional também não", afirma Gabriel Mário Rodrigues, reitor da Universidade Anhembi-Morumbi, que em 2000 passou a criar disciplinas à distância para alunos em dependência.
O professor da Unicamp Eduardo Chaves diz que costuma ouvir muitas manifestações contrárias ou céticas dentro do próprio meio acadêmico. "O professor, em geral, é muito conservador. Ele não gosta de mudar sua forma de trabalhar. Já o estudante deve ver essa possibilidade com bons olhos, principalmente aqueles de Estados distantes. A educação à distância representaria uma facilidade muito grande para eles."

Voluntário
Jardel Aparecido, 25, estudante do segundo ano de contabilidade e que cursa uma das duas disciplinas à distância da Unisa, diz que se interessou pela experiência nova e pela perspectiva de que "um dia se torne algo comum". "A praticidade também me atraiu. Posso acessar o site do curso em um intervalo no trabalho." Ele diz que, se outras disciplinas fossem oferecidas na versão à distância, ele se matricularia. "Só optaria pelo curso presencial em matérias que tivessem muito cálculo. Aí, acho que seria melhor acompanhar as aulas com um professor." (FPS)


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