THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O texto responde ao tema de modo previsível. Mostra a dificuldade de fixar um padrão de conduta em uma época de rápidas transformações. Os pais se vêem atropelados pela mídia, que expõe sem cerimônia assuntos considerados tabus na sociedade.
Dizer que os pais se sentem inseguros ao tratar de certos temas por terem sido submetidos a uma "rígida educação" parece discutível -afinal, eles passaram pelas mudanças socioculturais dos anos 60 e 70. Devem existir outras razões a serem consideradas.
No quarto parágrafo, é possível que a intenção seja fazer uma espécie de ressalva. Talvez o trecho ficasse mais bem elaborado se fosse usada a conjunção concessiva. Assim: "Embora esses assuntos façam parte da vida de todas as pessoas e, por isso mesmo, devam ser tratados com naturalidade, é importante que as crianças não sejam prematuramente expostas a discussões que ainda não podem compreender".
O quinto parágrafo encaminha-se para a conclusão do texto, mas apresenta como solução aquilo que é, na realidade, o problema: "Cabe aos pais escolher a melhor forma de expor (...) ensinando-os [a] distinguir o certo do errado (...)". Essa parece ser, entretanto, a grande dificuldade dos pais. A rápida transformação dos costumes e dos valores, as inovações tecnológicas e o aumento da violência nos centros urbanos tornam mais difícil a tarefa de saber o que ainda é certo e o que talvez não seja mais errado.
A conclusão contorna a questão central, fazendo o elogio do diálogo honesto entre pais e filhos, o que, sem dúvida, é um caminho necessário a ser percorrido no processo educativo.