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QUÍMICA
Fósforo: luz e calor na sua vida
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
"A final de contas, é tudo amarelo", pensou o alquimista
Hennig Brandt, em 1669, ao aquecer urina tentando obter ouro!
Claro, a experiência não deu
certo, mas algo curioso aconteceu: em vez de ouro, Brandt obteve um sólido que pegava fogo em
contato com o ar. Ele tinha descoberto o fósforo branco (P4), uma
forma alotrópica do elemento fósforo (assim como carbono e diamante são formas alotrópicas do
carbono, o fósforo também apresenta os seus alótropos) em que
quatro de seus átomos compõem
uma molécula com formato de pirâmide. O P4 é tão reativo que
deve ser guardado em água para
não se inflamar espontaneamente: P4 + 5 O2 P4O10 + calor.
A descoberta acidental de
Brandt marcou o início da história dos palitos de fósforo. Pouco
depois, Robert Boyle criou o primeiro deles revestindo uma folha
de papel com P4 e um palito de
madeira com enxofre (o combustível). Era só atritá-los e... fogo!
Mas como o P4 podia também pegar fogo sozinho a qualquer hora,
a invenção de Boyle não fez lá
muito sucesso...
Em 1827, o inglês John Walker
misturou e colou em um palito de
madeira as substâncias sulfeto de
antimônio (Sb2S3, combustível) e
clorato de potássio (ótimo fornecedor de oxigênio para a queima).
Era só riscar o palito e... Sb2S3 +
3 KClO3 Sb2O3 + 3 KCl + 3 SO2
+ muito calor. Esse calor fazia o
palito de madeira se incendiar.
Para ajudar, um pouco de P4 era
adicionado à mistura. Normalmente, a cola utilizada impedia o
contato do P4 com o oxigênio do
ar, mas, eventualmente, caixas de
fósforo entravam em combustão
só porque tinham sido agitadas.
Batucar numa caixinha dessas fazia o samba, literalmente, pegar
fogo!
Foi só em 1844 que um outro
alótropo do fósforo foi descoberto: o fósforo vermelho. Aquecer P4
na ausência de oxigênio faz com
que suas "pirâmides" comecem a
se unir, formando uma longa cadeia de fórmula Pn -o fósforo
vermelho- que não queima espontaneamente.
Você sabia que no palito de fósforo atual não há fósforo? Isso
mesmo! O fósforo vermelho
-muito mais seguro- é colocado na lixa da caixinha. Quando
riscado, o Pn transforma-se em P4,
que pega fogo. O calor gerado inicia a reação entre as substâncias
presentes na cabeça do palito. A
reação global é: P4 + 5 O2 + 3 S +
2 KClO3 P4O10 + 3 SO2 + 2 KCl +
calor. De novo, o calor acende o
palito. Brilhante, não é?
Luís Fernando Pereira é professor do
curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail:
lula7@terra.com.br
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