São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004
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BIOLOGIA

Bioinvasão de espécies aquáticas

FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No mundo, várias espécies invasoras, vindas com as águas de lastro de navios, têm causado sérios prejuízos. Estimativas apontam a possibilidade de 3.000 espécies diferentes estarem sendo despejadas diariamente nos portos do mundo.
Entre os bioinvasores historicamente mais importantes destacam-se os dinoflagelados tóxicos dos gêneros Gymnodinuium e Alexandrium, originários do Japão e que hoje prejudicam a pesca e a aqüicultura na Austrália; o mexilhão asiático zebra Dreissena polimorpha, que substituiu espécies nativas nos Estados Unidos e se transformou no bioinvasor com o maior número de publicações científicas; e a bactéria causadora da cólera, que começou em uma epidemia na Indonésia no ano de 1961 e foi espalhada pelo mundo por três décadas.
No Brasil, o mexilhão dourado Limnoperna fortunei, do Sudeste Asiático, chegou aos portos da América do Sul e hoje já invadiu as águas doces até o Pantanal.
O conceito de bioinvasão não se restringe apenas ao transporte acidental de espécies, mas também à introdução de novas espécies por cultivos, principalmente de crustáceos comerciais exóticos, com grande potencial de ocupação agressiva em comunidades naturais.
O camarão Litopenaeus vannamei -introduzido no Rio Grande do Norte em 1981- é cultivado atualmente em 14 Estados, tanto para consumo como para iscas vivas, o que aumenta muito o risco de escapes acidentais. A espécie L. vannamei é muito suscetível ao vírus TSV (Taura Syndrome Vírus), que, em 1995, chegou a dizimar 90% da população de crustáceos nos cultivos do Estado americano do Texas.
Felizmente, nem toda a bioinvasão é problemática. Um exemplo bem-sucedido de introdução de cultivo de algas com cuidados ambientais vem sendo o da alga Kappaphycus alvarezii, desenvolvida pelo Departamento de Botânica da USP (Universidade de São Paulo).


Fabio Giordano é bacharel em biologia, doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail: giordano@unisanta.br


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