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BIOLOGIA
Bioinvasão de espécies aquáticas
FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
No mundo, várias espécies invasoras, vindas com as águas de
lastro de navios, têm causado sérios prejuízos. Estimativas apontam a possibilidade de 3.000 espécies diferentes estarem sendo despejadas diariamente nos portos
do mundo.
Entre os bioinvasores historicamente mais importantes destacam-se os dinoflagelados tóxicos
dos gêneros Gymnodinuium e
Alexandrium, originários do Japão e que hoje prejudicam a pesca e a aqüicultura na Austrália; o
mexilhão asiático zebra Dreissena
polimorpha, que substituiu espécies nativas nos Estados Unidos e
se transformou no bioinvasor
com o maior número de publicações científicas; e a bactéria causadora da cólera, que começou em
uma epidemia na Indonésia no
ano de 1961 e foi espalhada pelo
mundo por três décadas.
No Brasil, o mexilhão dourado
Limnoperna fortunei, do Sudeste
Asiático, chegou aos portos da
América do Sul e hoje já invadiu
as águas doces até o Pantanal.
O conceito de bioinvasão não se
restringe apenas ao transporte
acidental de espécies, mas também à introdução de novas espécies por cultivos, principalmente
de crustáceos comerciais exóticos, com grande potencial de ocupação agressiva em comunidades
naturais.
O camarão Litopenaeus vannamei -introduzido no Rio Grande do Norte em 1981- é cultivado atualmente em 14 Estados,
tanto para consumo como para
iscas vivas, o que aumenta muito
o risco de escapes acidentais. A
espécie L. vannamei é muito suscetível ao vírus TSV (Taura
Syndrome Vírus), que, em 1995,
chegou a dizimar 90% da população de crustáceos nos cultivos do
Estado americano do Texas.
Felizmente, nem toda a bioinvasão é problemática. Um exemplo
bem-sucedido de introdução de
cultivo de algas com cuidados
ambientais vem sendo o da alga
Kappaphycus alvarezii, desenvolvida pelo Departamento de Botânica da USP (Universidade de São
Paulo).
Fabio Giordano é bacharel em biologia,
doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail:
giordano@unisanta.br
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