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MATEMÁTICA
Um curioso resultado sobre apertos de mão
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Se você quiser calcular quantos
apertos de mão já deu até hoje
na vida, não há dúvida de que terá
de aceitar, na melhor das hipóteses, um cálculo estimado.
Tal estimativa seria ainda mais
complicada e menos confiável se
quiséssemos calcular o número
total de apertos de mão que foram
dados por todas as pessoas que já
viveram na Terra desde a Pré-História até o exato instante em que
você está lendo este artigo.
Não será nosso objetivo fazer
uma estimativa complicada como
essa, mas investigaremos um curioso resultado sobre apertos de
mão que não depende de estimativas, e sim de um cálculo exato.
Por mais estranho que possa
parecer, independentemente da
quantidade de pessoas que já tenha vivido na Terra até hoje ou de
quando ocorreram o primeiro e o
último aperto de mão entre dois
indivíduos, é possível afirmar o
seguinte teorema: ao longo de toda a história do homem, um número par de pessoas deu um número ímpar de apertos de
mão. Antes de prosseguir a leitura, recomendo que o leitor investigue esse resultado tentando demonstrá-lo.
Assumindo que até o presente
momento viveram na Terra um
total de n indivíduos, chamaremos de d(1), d(2), d(3), ..., d(n) o
número de apertos de mão dado
por cada um deles.
Chamaremos de T a soma d(1)
+ d(2) + d(3) + ... + d(n).
Como cada aperto de mão exige
a participação de exatamente
duas pessoas, T será igual a duas
vezes o total de apertos dado por
todos os n indivíduos. Se T é o dobro de um número natural, isso
implica dizer que necessariamente T é um número par.
Sabemos que o valor assumido
por cada d(i), para i=1,2,3,...n, pode ser um número par ou um número ímpar. Lembrando que a
soma de dois números naturais
será par apenas se ambos forem
pares ou se ambos forem ímpares,
segue que d(1) + d(2) + ... + d(n)
só será par se tivermos um
número par de d(i) com valores
ímpares.
Esse curioso resultado demonstra, do ponto de vista matemático,
que o número de pessoas que
apertaram as mãos um número
ímpar de vezes em toda a história
da humanidade é e sempre será
um número par.
José Luiz Pastore Mello é licenciado
em matemática e mestrando em educação pela USP.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
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