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ATUALIDADES
A trágica memória de 11 de setembro
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
É inegável que Osama bin Laden
e seus acólitos da Al Qaeda
inauguraram uma nova ordem
planetária. Passados dois anos da
trágica e surreal imagem de
Boeings explodindo contra as torres do World Trade Center, o planeta ainda sofre o rescaldo da tragédia de 11 de setembro.
À época, as perspectivas eram
diferentes. Encerrada a Guerra
Fria, o mundo respirava aliviado
sob o funeral da bipolaridade política, militar e ideológica. Das
marretadas que colocaram abaixo
o Muro de Berlim, emergia, segundo as palavras do ex-presidente americano George Bush,
uma Nova Ordem Mundial. Livres da corrida armamentista,
países lançavam-se para as disputas não mais bélicas, mas comerciais. Tinha início a globalização,
o movimento do comércio sem
fronteiras. As palavras de ordem
passavam a ser abertura comercial, redução do déficit público e
privatização: era o nascimento do
neoliberalismo. A idéia era substituir o Estado anacrônico do período anterior por um Estado mínimo, ágil e eficiente, centrado
nas preocupações sociais.
Mas, após 11 de setembro, o caminho foi outro. Não fossem Bin
Laden e as ações terroristas, a hegemonia dos EUA estaria voltada
para a construção de um escudo
antimísseis, sua proteção contra a
ameaça nuclear. Todos os Estados suspeitos de abrigar ou de
apoiar terroristas passaram a se
enquadrar no eixo do mal, inimigos declarados dos EUA. George
W. Bush ameaçou: "Ou vocês estão do nosso lado, ou estão contra
nós". Era o arcabouço da declaração de guerra ao terrorismo, a
doutrina Bush. A Casa Branca assume, em desacordo com o mundo e desconsiderando os organismos internacionais, sua política
unilateral. Seu raciocínio é simples: o povo dos EUA foi vítima
do maior atentado terrorista da
história, portanto cabe a essa nação capturar e punir os culpados.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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