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      São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003
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CARREIRA/ENGENHARIA AERONÁUTICA

Com 2 faculdades, área tem carência de profissionais

RADUADO PODE TRABALHAR COM PROJETOS E TAMBÉM COM MANUTENÇÃO DE AERONAVES

France Presse
MOTOR Funcionário de fábrica francesa instala turbina em avião. Engenheiro aeronáutico é o responsável por definir e integrar os componentes do projeto

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma empresa brasileira, a Embraer, sozinha, seria capaz de absorver todos os engenheiros aeronáuticos que se formam por ano e ainda teria necessidade de contratar profissionais para que o seu quadro de funcionários se completasse.
Para ingressar na carreira, entretanto, é preciso passar no vestibular de uma das duas únicas instituições que oferecem o curso: o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), famoso pelo rigor de seu exame e de seu curso, ou a USP de São Carlos, que, desde que começou com a graduação, no ano passado, tem sua nota de corte entre as cinco mais altas da Fuvest (65% dos pontos possíveis).
Quem pretende cursar engenharia aeronáutica terá de disputar ao todo 75 vagas nas duas faculdades. Além do ITA e da USP, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) oferece uma ênfase dentro do curso de engenharia mecânica.
Outros engenheiros podem projetar sistemas isolados, como o trem de pouso ou mesmo o motor, mas o engenheiro aeronáutico é quem pensa a aeronave como um todo, ou seja, escolhe as partes mais adequadas e integra-as. Os sistemas de controle, como o piloto automático, podem ser feitos por um engenheiro eletrônico.
"São os aeronáuticos que elegem os requisitos para o projeto. Dizemos para os eletrônicos "precisamos que seja assim, que faça isso" e conversamos com eles para chegarmos a um ponto ótimo para um equipamento tão complexo como o avião", disse Henrique Langenegger, formado pelo ITA em 1980 e gerente de engenharia aeronáutica da Embraer.
Segundo ele, a concepção -em que se faz um grande projeto geral do avião- é a fase do desenvolvimento de um novo projeto em que mais participam engenheiros aeronáuticos. "A área de mercado diz que é interessante desenvolver um avião de 70 lugares, então estudamos a melhor configuração para isso, como se a asa deve ser em cima da fuselagem ou embaixo e qual será o seu perfil."
Nessa fase, define-se a forma do avião, que é testada em um túnel de vento. Depois disso, passa-se para o detalhamento do projeto, quando a proporção de engenheiros aeronáuticos diminui, dando lugar a outras especialidades, encarregadas de cada parte do avião.
Além da área de projeto, o engenheiro aeronáutico pode atuar também com a manutenção de aviões em companhias aéreas. "Quando a manutenção envolve grandes modificações estruturais nos aviões, tem de ser feita por um engenheiro aeronáutico", disse Paulo Rizzi, chefe da divisão de engenharia aeronáutica do ITA.
Segundo ele, o uso de engenheiros aeronáuticos apenas para pequenos reparos em poucos aviões é um desperdício. "É como usar canhão para matar mosquito. A formação do engenheiro aeronáutico permite que ele faça coisas muito mais complexas", disse.


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