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Abrir mão significa maturidade
DA REPORTAGEM LOCAL
A discussão sobre a proibição
de festas em ano de vestibular é
uma questão que, para a psicóloga Mariângela Savoya, do Hospital das Clínicas de São Paulo, vai
além da importância de mesclar o
lazer com os estudos.
De acordo com Mariângela, um
pai ter de controlar os estudos e a
rotina do filho a ponto de proibi-lo de sair de casa pode significar
um problema. "Quando se chega
ao ponto de haver brigas em casa
por causa de festas e de estudo, é
preciso repensar se o adolescente
está mesmo preparado para prestar vestibular", afirma.
Para a psicóloga, sofrer por não
poder sair, muitas vezes, representa falta de maturidade e de discernimento para eleger uma prioridade. "Se o aluno não percebe
que tem de abrir mão de algumas
coisas para render nos estudos e
que isso é uma fase, pode não
estar maduro o suficiente e, neste
caso, o risco de escolher uma
profissão e depois se arrepender
ou de não passar no vestibular
é grande."
Esse foi o caso da estudante Isabela Sauma, 20, que hoje está no
primeiro ano de publicidade. Ela
estava com 16 anos e cursava o
terceiro ano do ensino médio
quando prestou vestibular pela
primeira vez e o pai a proibiu de
sair. "Sofri muito. Sentia que estava perdendo o melhor ano da minha vida. Todas as minhas amigas
saíam, mas eu não. Ficava em casa
chorando e não me concentrava
nos estudos", diz Isabela.
Ela passou no vestibular para
administração de empresas, mas
cursou um ano e percebeu que
não era o que queria. Isabela voltou para o cursinho e prestou publicidade. "Eu já estava com 19
anos e sabia melhor o que queria.
Não fiquei trancada em casa, mas
saí muito pouco e por decisão minha. Não ficava tão triste por perder uma festa. Acho que estava
mais madura."
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