São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004
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Abrir mão significa maturidade

DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão sobre a proibição de festas em ano de vestibular é uma questão que, para a psicóloga Mariângela Savoya, do Hospital das Clínicas de São Paulo, vai além da importância de mesclar o lazer com os estudos.
De acordo com Mariângela, um pai ter de controlar os estudos e a rotina do filho a ponto de proibi-lo de sair de casa pode significar um problema. "Quando se chega ao ponto de haver brigas em casa por causa de festas e de estudo, é preciso repensar se o adolescente está mesmo preparado para prestar vestibular", afirma.
Para a psicóloga, sofrer por não poder sair, muitas vezes, representa falta de maturidade e de discernimento para eleger uma prioridade. "Se o aluno não percebe que tem de abrir mão de algumas coisas para render nos estudos e que isso é uma fase, pode não estar maduro o suficiente e, neste caso, o risco de escolher uma profissão e depois se arrepender ou de não passar no vestibular é grande."
Esse foi o caso da estudante Isabela Sauma, 20, que hoje está no primeiro ano de publicidade. Ela estava com 16 anos e cursava o terceiro ano do ensino médio quando prestou vestibular pela primeira vez e o pai a proibiu de sair. "Sofri muito. Sentia que estava perdendo o melhor ano da minha vida. Todas as minhas amigas saíam, mas eu não. Ficava em casa chorando e não me concentrava nos estudos", diz Isabela.
Ela passou no vestibular para administração de empresas, mas cursou um ano e percebeu que não era o que queria. Isabela voltou para o cursinho e prestou publicidade. "Eu já estava com 19 anos e sabia melhor o que queria. Não fiquei trancada em casa, mas saí muito pouco e por decisão minha. Não ficava tão triste por perder uma festa. Acho que estava mais madura."


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