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      São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003
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HISTÓRIA

Desenvolvimento do mundo plural

CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O ensino tradicional da história é eurocêntrico, mas, embora o legado do Império Romano seja de grande importância para a formação do mundo ocidental, os traços que permanecem de sua história são justamente os sinais da crise e da decadência do império: uma estrutura socioeconômica definida pela ruralização, a "prisão" do homem à terra e a retração do comércio, o pragmatismo cultural e o dogmatismo cada vez mais forte da igreja cristã.
A essa estrutura somaram-se as características mais marcantes, porém transformadas, da cultura germânica, baseadas nas tradições e nos laços de fidelidade, o que contribuiu para a cristalização de uma sociedade estática.
No Império Bizantino e na península Arábica, diferentemente do que ocorreu na Europa ocidental, as sociedades ganharam uma nova dinâmica graças à expansão do comércio e da vida urbana, às descobertas e ao contato com povos e culturas diversas. Nessas regiões, a centralização política combinava-se com a centralização religiosa. Considerado o grande herdeiro do Império Romano, o Império Bizantino manteve suas características ocidentais por pouco tempo.
Apesar dos esforços de Justiniano no século 6º, o império caracterizou-se, ao longo dos séculos seguintes, pela "orientalização", com o predomínio da cultura grega e da influência de povos orientais helenizados, como sírios, egípcios, armênios e persas. Assim, apesar de sucessivas crises, o Império Bizantino se manteve e é considerado um dos mais duradouros.
Também no Oriente se iniciou a formação de outro império medieval, o muçulmano. No século 7º, os árabes iniciaram um processo de unificação política e religiosa que os fortaleceu e lhes permitiu o início de uma política expansionista. Por um lado, essa unificação não eliminou por completo as diferenças tribais das diversas regiões que o Império Árabe abrangeu; por outro, é importante perceber que o império foi liderado, na maior parte de sua história, pelos grupos mercantis de cidades como Meca, Medina e Damasco.
Os interesses da elite mercantil e urbana somaram-se às necessidades materiais básicas das camadas empobrecidas, a elementos culturais da tradição dos beduínos, como o "butim", e ao ideal de guerra santa, o que estimulou o expansionismo. Dica: Aprofunde a comparação entre as sociedades urbana e rural da Idade Média.


Claudio B. Recco é coordenador do site www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - O Início do Século"


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