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HISTÓRIA
Desenvolvimento do mundo plural
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O ensino tradicional da história é
eurocêntrico, mas, embora o
legado do Império Romano seja
de grande importância para a formação do mundo ocidental, os
traços que permanecem de sua
história são justamente os sinais
da crise e da decadência do império: uma estrutura socioeconômica definida pela ruralização, a
"prisão" do homem à terra e a retração do comércio, o pragmatismo cultural e o dogmatismo cada
vez mais forte da igreja cristã.
A essa estrutura somaram-se as
características mais marcantes,
porém transformadas, da cultura
germânica, baseadas nas tradições e nos laços de fidelidade, o
que contribuiu para a cristalização de uma sociedade estática.
No Império Bizantino e na península Arábica, diferentemente
do que ocorreu na Europa ocidental, as sociedades ganharam
uma nova dinâmica graças à expansão do comércio e da vida urbana, às descobertas e ao contato
com povos e culturas diversas.
Nessas regiões, a centralização
política combinava-se com a centralização religiosa. Considerado
o grande herdeiro do Império Romano, o Império Bizantino manteve suas características ocidentais por pouco tempo.
Apesar dos esforços de Justiniano no século 6º, o império caracterizou-se, ao longo dos séculos
seguintes, pela "orientalização",
com o predomínio da cultura grega e da influência de povos orientais helenizados, como sírios,
egípcios, armênios e persas. Assim, apesar de sucessivas crises, o
Império Bizantino se manteve e é
considerado um dos mais duradouros.
Também no Oriente se iniciou a
formação de outro império medieval, o muçulmano. No século
7º, os árabes iniciaram um processo de unificação política e religiosa que os fortaleceu e lhes permitiu o início de uma política expansionista. Por um lado, essa
unificação não eliminou por
completo as diferenças tribais das
diversas regiões que o Império
Árabe abrangeu; por outro, é importante perceber que o império
foi liderado, na maior parte de sua
história, pelos grupos mercantis
de cidades como Meca, Medina e
Damasco.
Os interesses da elite mercantil e
urbana somaram-se às necessidades materiais básicas das camadas
empobrecidas, a elementos culturais da tradição dos beduínos, como o "butim", e ao ideal de guerra
santa, o que estimulou o expansionismo. Dica: Aprofunde a
comparação entre as sociedades
urbana e rural da Idade Média.
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - O Início do Século"
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