São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002
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QUÍMICA

Dos elefantes às bolas de futebol: parte 2

LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde que John Hyatt criou o celulóide (como vimos na última coluna), os plásticos nunca mais deixaram nossas vidas.
Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, três deles foram determinantes para a vitória dos aliados contra Hitler e Mussolini: o polietileno, o teflon e o náilon.
O polietileno serviu de isolante nos cabos de uma invenção revolucionária: o radar, peça-chave do triunfo aliado. Hoje, usa-se polietileno em dezenas de objetos, como canetas esferográficas e sacos plásticos. O teflon (aquele mesmo das frigideiras) foi muito importante na produção da bomba atômica. O terceiro plástico foi o náilon, utilizado para fazer pára-quedas e tendas militares. Nessa época, para desespero das mulheres, as meias feitas de náilon sumiram do mercado.
Os plásticos são extremamente úteis, mas sua maior qualidade, a durabilidade, também pode ser vista como defeito. Afinal, se duram para sempre, como se livrar deles? É por isso que, em tempos recentes, com o crescimento do movimento ambientalista, o uso indiscriminado de plásticos passou a ser duramente criticado.
Ainda assim, as novidades continuam a surgir. É o caso do kevlar -mais resistente que o aço, é usado em coletes à prova de bala- e o poliuretano -este é conhecido como o material esponjoso de travesseiros e almofadas.
E, falando em poliuretano, chegamos às bolas de futebol. A partir da Copa de 1994, as "redondas" passaram a ter revestimento de poliuretano, dando mais velocidade ao jogo. E, nas camadas internas, um novo polímero foi adicionado: o poliestireno, muito conhecido de nós todos na sua forma expandida, chamada de isopor. Como resultado, mais maciez e chutes ainda mais rápidos.
Para esta Copa, mais tecnologia! A bola, produzida pela Adidas, chama-se Fevernova. Sob o revestimento de poliuretano, estão dez camadas de poliestireno com borracha natural, onde há microbolhas cheias de gás. Velocidade e precisão são a conseqüência.
A câmara também é feita de um polímero, a borracha butílica. Com as moléculas mais unidas que as da borracha natural, retém melhor o ar. Até na costura encontramos um plástico: o já citado kevlar, cinco vezes mais resistente que um cabo de aço. Assim, mesmo após muitos chutes, a bola continua inteira e redondinha. O craque inglês David Beckham testou a Fevernova e aprovou.


Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br



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