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QUÍMICA
Dos elefantes às bolas de futebol: parte 2
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Desde que John Hyatt criou o celulóide (como vimos na última
coluna), os plásticos nunca mais
deixaram nossas vidas.
Na Segunda Guerra Mundial,
por exemplo, três deles foram determinantes para a vitória dos
aliados contra Hitler e Mussolini:
o polietileno, o teflon e o náilon.
O polietileno serviu de isolante
nos cabos de uma invenção revolucionária: o radar, peça-chave do
triunfo aliado. Hoje, usa-se polietileno em dezenas de objetos, como canetas esferográficas e sacos
plásticos. O teflon (aquele mesmo
das frigideiras) foi muito importante na produção da bomba atômica. O terceiro plástico foi o náilon, utilizado para fazer pára-quedas e tendas militares. Nessa época, para desespero das mulheres,
as meias feitas de náilon sumiram
do mercado.
Os plásticos são extremamente
úteis, mas sua maior qualidade, a
durabilidade, também pode ser
vista como defeito. Afinal, se duram para sempre, como se livrar
deles? É por isso que, em tempos
recentes, com o crescimento do
movimento ambientalista, o uso
indiscriminado de plásticos passou a ser duramente criticado.
Ainda assim, as novidades continuam a surgir. É o caso do kevlar
-mais resistente que o aço, é
usado em coletes à prova de bala- e o poliuretano -este é conhecido como o material esponjoso de travesseiros e almofadas.
E, falando em poliuretano, chegamos às bolas de futebol. A partir da Copa de 1994, as "redondas"
passaram a ter revestimento de
poliuretano, dando mais velocidade ao jogo. E, nas camadas internas, um novo polímero foi adicionado: o poliestireno, muito conhecido de nós todos na sua forma expandida, chamada de isopor. Como resultado, mais maciez e chutes ainda mais rápidos.
Para esta Copa, mais tecnologia!
A bola, produzida pela Adidas,
chama-se Fevernova. Sob o revestimento de poliuretano, estão dez
camadas de poliestireno com borracha natural, onde há microbolhas cheias de gás. Velocidade e
precisão são a conseqüência.
A câmara também é feita de um
polímero, a borracha butílica.
Com as moléculas mais unidas
que as da borracha natural, retém
melhor o ar. Até na costura encontramos um plástico: o já citado kevlar, cinco vezes mais resistente que um cabo de aço. Assim,
mesmo após muitos chutes, a bola continua inteira e redondinha.
O craque inglês David Beckham
testou a Fevernova e aprovou.
Luís Fernando Pereira é professor do
curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail:
lula5@ig.com.br
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