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ATUALIDADES
Otan e Rússia marcam "o funeral da Guerra Fria"
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na última semana, foi assinado
um acordo histórico entre a
Otan (Organização do Tratado do
Atlântico Norte) e a sua maior inimiga, a Rússia. Segundo o ministro britânico Jack Straw, essa
aproximação significa definitivamente "o funeral da Guerra Fria".
Produto da doutrina Truman, a
Otan surgiu em abril de 1949 como uma aliança militar de ajuda
mútua para proteger as fronteiras
do mundo ocidental contra a
ameaça do bloco comunista.
Composta inicialmente por 12
países (EUA, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega,
Portugal e Grã-Bretanha), recebeu a adesão posterior da Turquia
e da Grécia (1952), da República
Federal Alemã (1955) e da Espanha (1982). Com a queda do Muro
de Berlim (1989) e a desintegração
da Europa do leste, a Polônia, a
República Tcheca e a Hungria, em
1999, integraram-se à aliança.
Idealizada para a proteção dos
países-membros, a Otan entrou
em ação contra os sérvios em Sarajevo para acabar com a Guerra
da Bósnia (1992-95). Posteriormente, disposta a conter a fúria
dos soldados de Slobodan Milosevic, bombardeou a Iugoslávia no
conflito de Kosovo (1998-99).
Sem autorização da ONU, destruiu a infra-estrutura do país,
atingiu a Embaixada da China e
foi acusada de atacar alvos civis.
Agora, a Otan propõe uma parceria com a velha inimiga para lutar contra o terrorismo, controlar
a proliferação de armas de destruição em massa e estabelecer estratégias para contornar as crises
internacionais. O modelo bipolar,
que vigorou entre 1945 e a queda
do Muro de Berlim, deixará de
existir definitivamente quando
George W. Bush, dos EUA, e Vladimir Putin, da Rússia, se encontrarem na Itália para oficializar o
compromisso. Os acontecimentos teimam em atropelar velhos
paradigmas, e o mundo vai ficando mais complicado.
Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e
do Objetivo (Americana)
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