São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002
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ATUALIDADES

Otan e Rússia marcam "o funeral da Guerra Fria"

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na última semana, foi assinado um acordo histórico entre a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a sua maior inimiga, a Rússia. Segundo o ministro britânico Jack Straw, essa aproximação significa definitivamente "o funeral da Guerra Fria".
Produto da doutrina Truman, a Otan surgiu em abril de 1949 como uma aliança militar de ajuda mútua para proteger as fronteiras do mundo ocidental contra a ameaça do bloco comunista. Composta inicialmente por 12 países (EUA, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Grã-Bretanha), recebeu a adesão posterior da Turquia e da Grécia (1952), da República Federal Alemã (1955) e da Espanha (1982). Com a queda do Muro de Berlim (1989) e a desintegração da Europa do leste, a Polônia, a República Tcheca e a Hungria, em 1999, integraram-se à aliança.
Idealizada para a proteção dos países-membros, a Otan entrou em ação contra os sérvios em Sarajevo para acabar com a Guerra da Bósnia (1992-95). Posteriormente, disposta a conter a fúria dos soldados de Slobodan Milosevic, bombardeou a Iugoslávia no conflito de Kosovo (1998-99). Sem autorização da ONU, destruiu a infra-estrutura do país, atingiu a Embaixada da China e foi acusada de atacar alvos civis.
Agora, a Otan propõe uma parceria com a velha inimiga para lutar contra o terrorismo, controlar a proliferação de armas de destruição em massa e estabelecer estratégias para contornar as crises internacionais. O modelo bipolar, que vigorou entre 1945 e a queda do Muro de Berlim, deixará de existir definitivamente quando George W. Bush, dos EUA, e Vladimir Putin, da Rússia, se encontrarem na Itália para oficializar o compromisso. Os acontecimentos teimam em atropelar velhos paradigmas, e o mundo vai ficando mais complicado.


Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo (Americana)


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