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ATUALIDADES
Enfim o Tribunal Penal Internacional começa a funcionar
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ao entrar em funcionamento no
dia 1º deste mês, o TPI (Tribunal Penal Internacional) enfrentou seu primeiro desafio: os EUA,
além de não reconhecerem sua legitimidade, exigiram imunidade,
perante à corte internacional, aos
cidadãos americanos envolvidos
em operações no exterior.
Washington rejeita a idéia de
que militares dos EUA possam ser
processados nesse fórum se crimes forem cometidos em países
que tenham ratificado o tratado.
A Casa Branca ameaçou até mesmo retirar sua missão de paz na
Bósnia e em outros países.
Com sede em Haia, na Holanda,
o TPI surgiu por iniciativa da Assembléia Geral das Nações Unidas, que, em 1994, formou uma
comissão encarregada de elaborar um projeto cujo estatuto foi
apresentado em Roma, em 1998.
Na ocasião, mais de uma centena
de países assinaram o documento
favorável à sua criação. Mas a implantação dependia da ratificação
do projeto final por pelo menos
60 países. Passam de 70 as nações
que assinaram o documento, mas
há ausências significativas, como
a China e a Rússia, além dos EUA.
Por ser uma corte internacional
acima das estruturas nacionais, o
TPI terá como objetivo punir os
genocídios, os crimes de guerra e
as violações dos direitos humanos
e inibir práticas de desrespeito aos
direitos do homem.
Após as ameaças de Washington, que vê no TPI o espectro de
uma justiça supranacional, politizada e potencialmente hostil a
seus interesses, seus "boinas
azuis", em missão na Bósnia-Herzegovina, obtiveram a licença para não serem submetidos às leis
do novo tribunal durante um ano.
Mesmo assim, uma perspectiva
para a paz mundial se abre com a
entrada em vigor do TPI. Essa iniciativa representa um avanço para assegurar o respeito aos direitos essenciais de grupos humanos
em direção ao fim da intolerância.
Só o futuro dirá se estamos demasiadamente otimistas.
Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo (Americana)
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