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ATUALIDADES
Cuba faz referendo para tornar socialismo "intocável"
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Cerca de 7,5 milhões de cubanos
(65% da população) ratificaram o projeto de modificação da
Constituição do país. Fidel Castro
conclamou o povo a comparecer
aos 130 mil postos de votação para
tornar "intocável" o regime socialista, rechaçar a iniciativa da oposição, que pressiona por reformas, e responder aos apelos americanos por eleições livres.
Há 40 anos, Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e o argentino Che
Guevara entraram em Havana
para derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista e para inaugurar a
primeira experiência socialista da
América. Sob o comando dos rebeldes de Sierra Maestra, a Revolução Cubana projetou a ilha e sua
experiência para o mundo através
das conquistas no campo social.
Não tardariam os ataques ao
seu modelo político e econômico.
Primeiro, sofreu a investida dos
contra-revolucionários treinados
pela CIA, na tentativa de invasão
da baía dos Porcos (1961). No ano
seguinte, foi expulsa da OEA (Organização dos Estados Americanos) por pressão dos EUA, que
lhe impuseram um severo embargo econômico. Isolada, aliou-se à
URSS e quase se transformou no
palco de uma catástrofe nuclear
na crise dos mísseis, em 1962.
Na década de 90, o cerco se intensificou. Primeiro, com a Lei
Torricelli (1992), que autorizou a
aplicação de sanções aos países
que mantivessem parcerias com
Cuba e proibiu a entrada nos
EUA, por seis meses, de navios
que tivessem atracado na ilha. Depois, a Lei Helms-Burton (1996)
estabeleceu punições às empresas
que adquirissem propriedades
confiscadas pela revolução.
Em maio deste ano, a Casa
Branca acusou Cuba de produzir
armas biológicas. A estratégia parece nítida: Washington pretende
caracterizar a ilha como um Estado alinhado ao "eixo do mal". Em
vez da esperada flexibilização do
embargo e do respeito à soberania, o que Bush sonha é concretizar seu desejo de intervenção.
Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e
do Objetivo (Americana)
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